Primeiro-ministro turco garante que não cede aos protestos de uma "minoria"

Erdogan volta a classificar manifestantes como extremistas, dizendo que há terroristas entre eles.

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Manifestantes em Istambul não desistem, Erdogan diz que não cede Aris Messinis/AFP

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, garantiu que não recuará com os seus planos para um parque de Istambul tal como pedem os manifestantes.

Voltando a criticar quem participa nos protestos, dizendo que se trata de “extremistas”, acrescentando até que “estrangeiros” estavam envolvidos, assim como “pessoas implicadas em terrorismo”, Erdogan volta a um discurso duro que tinha sido abandonado pelo Governo. O primeiro-ministro falou em Tunes, onde termina uma visita que manteve apesar dos protestos, antes de regressar, ainda hoje, à Turquia.

Os protestos cresceram depois de a polícia ter usado a força para retirar um grupo de manifestantes no Parque Gezi, adjacente à Praça Taksim, que pediam que o parque não fosse destruído para dar lugar à recriação de uma caserna militar otomana que um dia ali esteve. Depois da violência da acção policial, muitos manifestantes juntaram-se a uma contestação mais alargada pela liberdade de expressão e contra o estilo cada vez mais autoritário do primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan que, como dizia um comentador, cada vez que fala sobre a situação, ainda a inflama mais.

Já culpou o Twitter e a oposição e já antes tinha acusado os manifestantes de ligações a “terroristas”, dizendo ainda que se tratava de meia dúzia de vândalos ou saqueadores.

Nesta quinta-feira, garantiu que esta "minoria" não iria fazer reverter o projecto que, defendeu, "respeita a história, a cultura e o ambiente" da Turquia, disse. "O que estamos a fazer é a proteger os direitos da maioria", continuou – o primeiro-minsitro tem-se referido frequentemente ao facto de uma maioria ter votado nele. "E preservar a beleza de Istambul."

Milhares de feridos, centenas de detidos

Há informações de quatro mortos relacionados com os protestos em circunstâncias não esclarecidas, de mais de 3000 feridos incluindo algumas dezenas com gravidade – incluindo pessoas que perderam um olho ou um dedo. Foram ainda detidas centenas de pessoas nos protestos – e pelo menos 25 foram acusadas de espalhar informação falsa através das redes sociais.

O protesto estendeu-se a várias cidades, com pedidos para a demissão de Erdogan. Este venceu três eleições com maiorias cada vez mais expressivas, e planeava candidatar-se à presidência, cargo com poderes alargados após a revisão constitucional que deverá ser feita em breve. Assim estaria na presidência no centenário da república, em 2023.

Ainda nesta quinta-feira, o colunista Mustafa Akyol tinha aconselhado o primeiro-ministro a tentar convencer os seus opositores em vez de os tentar vencer pela intimidação. Até agora, a dureza do discurso – e da acção no terreno – está a fortalecer o movimento. Num cartaz com a agora famosa “mulher de vermelho” – uma jovem de vestido de algodão encarnado que aparece a ser atingida por um spray de gás pela polícia –, esta aparecia desenhada muito maior do que o polícia. A legenda dizia: “Quanto mais nos atiram spray, maiores ficamos.”  
 

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