Encontrados 22 corpos num barco no Mediterrâneo

Médicos Sem Fronteiras encontraram os corpos numa poça de combustível. Mais de 200 pessoas foram resgatadas, incluindo 50 crianças.

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Migrantes resgatados no Mediterrâneo pelo navio Aquarius, em Maio GABRIEL BOUYS/AFP

Os corpos de 21 mulheres e um homem foram encontrados num barco de borracha à deriva perto da Líbia. Teriam partido poucas horas antes em direcção a Itália, na quarta-feira, informou o grupo Médicos Sem Fronteiras (MSF).

Um navio dos MSF que patrulha o Mediterrâneo central assistiu dois barcos que navegavam a pouca distância um do outro, a 17 milhas náuticas de Trípoli, conseguindo salvar 209 pessoas, incluindo 50 crianças. Mas numa das pequenas embarcações estavam os corpos de 22 migrantes sob uma poça de combustível. “Ainda não é totalmente claro o que aconteceu, mas eles tiveram uma morte horrível. É trágico”, afirmou Jens Pagotto, chefe da missão de busca e salvamento dos MSF. “Parece que a água e o combustível se misturaram e os fumos que daí resultaram podem ter sido suficientes para que eles desmaiassem”, disse por telefone à Reuters.

A guarda costeira italiana terá recebido um aviso por volta das 10h (9h em Lisboa) de quarta-feira, e notificou de seguida o MV Aquarius, o navio dos MSF que faz o patrulhamento no Mediterrâneo e que demorou várias horas até conseguir encontrar os barcos. “Os sobreviventes estavam há horas no barco com os corpos daquelas mulheres. Muitos estavam demasiado traumatizados para conseguir falar sobre o que aconteceu”, adiantou Pagotto.

A maior parte dos sobreviventes é de países da África Ocidental, como a Nigéria e a Guiné, e previam chegar ao porto de Trapani, na costa siciliana, na sexta-feira. Foram encaminhados para a ilha.

De acordo com as autoridades, outras 354 pessoas terão sido resgatadas pelo navio Phoenix, fretado pela Fundação MOAS (Migrant offshore aid station).

Centenas de milhares de pessoas, oriundas sobretudo de países subsarianos, estão concentradas na Líbia à espera de uma oportunidade de se fazerem ao Mediterrâneo, na esperança de encontrar uma vida melhor na Europa. As autoridades italianas têm registado esta semana um aumento no número de migrantes que partem daquele país em barcos superlotados. Os traficantes aproveitam uma acalmia do mar e um tempo mais quente para aumentar o número de travessias, mas estas continuam a ser uma roleta russa

Durante 25 operaçõe realizadas terça-feira, mais de 2500 pessoas foram resgatadas e um corpo foi encontrado, segundo a guarda costeira italiana; no dia seguinte, quase 600 foram também salvas.

Até segunda-feira, e desde o início do ano, 79.861 migrantes tinham chegado a Itália por mar, um número próximo dos 83.119 do período homólogo no ano passado.

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) adianta que quase três mil migrantes morreram ou desapareceram no Mediterrâneo durante os primeiros sete meses do ano. Se recuarmos a 2014, o balanço de mortos ou desaparecidos ultrapassa os dez mil.

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