Encontrados 1500 documentos do período da ditadura militar na Argentina

Entre o lote há transcrições de gravações das reuniões da Junta Militar.

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Imagens dos desaparecidos no julgamento do chefe do Exército do período da Junta, Reynaldo Bignone, em 2010 JUAN MABROMATA/AFP

O Governo argentino anunciou que foi encontrado um importante conjunto de documentos do período da ditadura militar. São 1500 documentos inéditos, 280 deles com as transcrições das gravações das reuniões da Junta Militar que governou o país entre 1976 e 1983.

"Pela primeira vez temos documentação que cobre todo o período da Junta Militar", disse em Buenos Aires, durante uma conferência de imprensa, o ministro da Defesa, Agustin Rossi. "Estão organizados por ordem cronológica e por temas".

O ministro disse que esta documentação de extrema importância para a compreensão da ditadura - pelo menos 30 mil pessoas foram assassinadas ou desapareceram durnate os anos da Junta - foi encontrada num edifício abandonado da sede das Forças Armadas.

A expectativa sobre o que este espólio poderá revelar é muito grande. Para já, o ministro da Defesa tornou públicos apenas alguns dados. Entre os documentos há uma lista negra de pessoas da cultura consideradas a banir ou a censurar por serem opositores ao regime - entre eles estão a cantora Mercedes Sosa, o escritor Julio Cortázar, o músico de tango Osvaldo Pugliese e a actriz Norma Aleandro. “Estão classificados de F1 a F4, de acordo com o grau de ameaça social”, disse Rossi.

A Junta Militar chegou ao poder através de um golpe que depôs a Presidente "Isabel" Perón. O General Jorge Rafael Videla - que morreu em 2013 na prisão, onde cumpria uma pena perpétua por crimes contra a humanidade -, passou o cargo em 1981 ao general Roberto Viola. Os outros dois membros da Junta foram o general da Força Aérea Orlando Ramon Agosti e o almirante Emilio Massera.

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