Embaixador do Vaticano fala em operação militar contra Estado Islâmico

É preciso travar a destruição das minorias religiosas no Médio Oriente, afirmou o arcebispo Tomasi.

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O embaixador Silvano Tomasi apresentou uma declaração no Conselho de Direitos Humanos da ONU para defender minorias religiosas FABRICE COFFRINI/AFP

O embaixador do Vaticano nas Nações Unidas reconheceu que pode ser necessário usar a força para proteger grupos religiosos minoritários que estão a ser perseguidos pelo Estado Islâmico no Iraque e na Síria.

Num comentário invulgar para um diplomata do Vaticano, o arcebispo Silvano Tomasi disse numa entrevista ao site católico americano Crux que os jihadistas estão a cometer "genocídio" e têm de ser travados. "Se não o fizermos, no futuro vamos indignar-nos por não termos feito nada, por termos permitido que uma tragédia tão horrível tenha acontecido", afirmou.

Tomasi lançou as pistas para uma coligação internacional que não deveria ser apenas ocidental e deveria actuar sob a égide das Nações Unidas. Deveria incluir os países muçulmanos do Médio Oriente – à semelhança das forças reunidas pelos Estados Unidos para bombardear as posições do Estado Islâmico desde o Verão passado.

Esta sugestão baseia-se nas palavras do Papa Francisco, que disse que o uso da força "é legítimo", se for para "parar um agressor injusto", após a decapitação de 21 egípcios cristãos coptas por membros do Estado islâmico na Líbia, sublinhou o diplomata do Vaticano.

Esta entrevista foi divulgada ao mesmo tempo que Tomasi divulgou uma declaração, feita conjuntamente com a Rússia e o Líbano, no Conselho dos Direitos Humanos, em Genebra, para proteger os direitos humanos dos cristãos e outras comunidades no Médio Oriente. O documento tem o apoio de 70 outras nações, entre as quais Portugal.

Estas declarações são surpreendentes porque tradicionalmente o Vaticano tem-se oposto a intervenções militares no Médio Oriente, incluindo as duas guerras do Golfo lideradas pelos Estados Unidos.

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