Eleições em estado alemão podem prejudicar Governo de Merkel

Merkel está com a popularidade em alta mas deverá ser prejudicada com as eleições nos estados-federados
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Merkel está com a popularidade em alta mas deverá ser prejudicada com as eleições nos estados-federados Michael Gottschalk/AFP
A chefe do Governo do estado-federado perdeu um voto mas "ganhou a eleição"
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A chefe do Governo do estado-federado perdeu um voto mas "ganhou a eleição" Ina Fassbender/Reuters

O estado mais populoso da Alemanha, a Renânia do Norte-Vestefália, vai ter eleições antecipadas, com um resultado que deverá ter implicações alargadas, com o enfraquecimento previsto dos liberais, parceiro de coligação da chanceler Angela Merkel no Governo nacional.

A União Democrata-Cristã (CDU) da chanceler tinha perdido este estado do Noroeste da Alemanha depois de um debate prolongado sobre o primeiro pacote de ajuda a Grécia. Muitos críticos da chanceler acusaram-na, na altura, de não ter concordado com a ajuda, com medo de perder as eleições no estado. Ironicamente o que aconteceu foi que Merkel acabou por mudar de opinião e aprovar a ajuda muito perto da data da votação e o seu partido perdeu as eleições. Esta derrota teve uma consequência importante a nível nacional: a perda da maioria que a coligação tinha no Budesrat, conselho que representa os estados-federados e que tem poder de decidir sobre leis com impacto nas finanças dos Länder.

Os vencedores das eleições de Maio de 2010 na Renânia do Norte-Vestefália foram os sociais-democratas e os Verdes, que formaram um Governo minoritário. Este foi conseguindo aprovar legislação com apoios de diferentes partidos, mas na quarta-feira à noite o chumbo do orçamento (pela CDU, liberais e Die Linke) levou à dissolução do parlamento estadual e a eleições antecipadas, que não foram ainda marcadas.

SPD perdeu o voto mas deverá ganhar a eleição

“Ainda que a oposição tenha derrotado o orçamento, eles deverão perder e muito na eleição”, comentou Ulrich von Alemann, professor de Ciência Política na Universidade de Düsseldorf, ao canal de informação económica Bloomberg. A chefe do Governo do estado, Hannelore Kraft, “perdeu a votação mas provavelmente ganhou as eleições”, comentou Alemann.

A CDU e o SPD (Partido Social-Democrata) estejam praticamente empatados nas sondagens com 35%, a mesma percentagem das últimas eleições em 2010. Mas os Verdes subiram de 12,1% para 17%, tornando possível uma maioria SPD-Verdes e fazendo os líderes dos partidos políticos a nível nacional sonhar com um Governo nacional “verde e vermelho” nas eleições legislativas de 2013, um regresso da aliança protagonizada pelo chanceler Gerhard Schröder e o seu ministro dos Negócios Estrangeiros Joschka Fischer entre 1998 e 2005.

A queda dos liberais

Já os liberais devem continuar a sua trajectória descendente também na Renânia do Norte-Vestefália, com apenas 2% nas sondagens, não conseguindo ultrapassar a barreira de 5% necessária para entrar no parlamento do estado depois de na votação anterior terem obtido 6,7%. Em contrapartida, o Partido Pirata aparece com 5%, podendo eleger deputados.

Esta votação antecipada junta-se a duas eleições já marcadas. A primeira é a 25 de Março, no estado federado do Sarre, onde uma coligação CDU-Liberais terminou por desentendimentos entre os partidos a nível estadual, e onde, segundo as sondagens, se prevê uma “grande coligação” entre a CDU e o SPD, como a que governou a nível nacional durante o primeiro mandato de Angela Merkel (2005-2009).

A segunda é a 6 de Maio em Schleswig-Holstein, onde o actual governo CDU-Liberais poderá ser derrotado por uma coligação SPD-Verdes.

Crise europeia é tema eleitoral

Apesar da popularidade de Merkel continuar em alta – uma sondagem da estação de televisão ZDF dizia mesmo que a chanceler atingiu a mais alta popularidade dos últimos dois anos – a perda de mais eleições e mais estados poderá ter reflexos a nível nacional. A queda acentuada dos liberais poderia mesmo levar a chanceler a deixar os seus parceiros de coligação, antecipam alguns analistas.

A crise europeia deverá ser, uma vez mais, o tema dominante na campanha. Os liberais já tinham usado o tema para rejeitar o orçamento: “O FDP não quer ver uma situação como a da Grécia na Renânia do Norte-Vestefália”, disse o líder regional, referindo-se ao orçamento que contempla que o estado-federado contraia uma dívida de 3600 milhões de euros, segundo o Financial Times.

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