Egipto propõe cessar-fogo por tempo indeterminado em Gaza

Família palestiniana morta em bombardeamento um dia depois da morte da primeira criança israelita desde o início do actual conflito.

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Restos de uma casa destruída por um bombardeamento israelita em Gaza Mohammed Salem/Reuters

O Egipto propôs a Israel e ao Hamas que aceitem um cessar-fogo por tempo indeterminado, numa tentativa para travar a engrenagem da violência, a girar de novo após o fracasso das negociações para uma trégua duradoura. Um bombardeamento israelita matou neste sábado cinco palestinianos da mesma família, um dia depois de uma criança israelita ter morrido na explosão de um rocket disparado a partir de Gaza.

“O Hamas pagará caro por este ataque”, tinha avisado o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, mal foi conhecida a morte de Daniel Tregerman, a primeira criança israelita a morrer desde o início do actual surto de violência, um dos mais longos e sangrentos dos últimos anos. Até agora Israel contava três civis e 64 soldados mortos na operação que levou o seu Exército a entrar de novo no território controlado pelo Hamas.   

Na manhã deste sábado, a aviação israelita atingiu 20 alvos na Faixa de Gaza, incluindo alegados depósitos de armas e sistemas de lançamento de rockets. Mas uma das bombas caiu sobre uma casa, na aldeia de Al-Zawayda, na região central de Gaza, matando duas crianças de três e quatro anos, os seus pais e um outro familiar, adiantou à AFP um socorrista do hospital mais próximo. Segundo os últimos dados da UNICEF, das quase 2100 mortes registadas no território desde o início de Julho, 480 são menores de idade.

Num sinal de que a desejada acalmia continua distante, 40 rockets foram disparados neste sábado contra o Sul de Israel, dois dos quais foram interceptados pelo sistema de defesa antiaéreo. Desde terça-feira, dia em que a trégua de nove dias esgotou sem que as duas partes tenham chegado a um entendimento, as facções palestinianas efectuaram mais de 500 disparos, a que Israel respondeu com bombardeamentos que fizeram 65 mortos, incluindo quatro comandantes militares do Hamas.

Face ao risco de uma nova escalada incontrolável, o líder da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, deslocou-se ao Cairo e, após um encontro com o Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, apelou às duas partes a retomarem o quanto o diálogo. “O meu principal objectivo é que as negociações para uma trégua recomecem o quanto antes para evitar mais mortes e sacrifícios”, afirmou Abbas no final da reunião, adiantando que o Cairo vai enviar novos convites às duas partes para dialogarem.

Pouco depois, o ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio emitiu uma nota adiantando que, ao contrário do que tem sido até agora tentado, vai propor um cessar-fogo por tempo indeterminando, na esperança de que a inexistência de um prazo facilite as negociações indirectas. Uma proposta que terá o acordo das facções palestinianas.

A Amnistia Internacional e a Human Rights Watch condenaram, entretanto, a execução de 18 palestinianos acusados pelos Hamas de serem informadores de Israel. As execuções, sete das quais por um pelotão de fuzilamento numa rua da cidade de Gaza, "são tanto mais chocantes quanto as vítimas foram condenadas à morte num processo que, se chegou a acontecer, foi sumário e grosseiramente injusto", denunciou a responsável da Amnistia Anne Fitzgerald.

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