Ed Miliband promete financiar sistema de saúde britânico tirando dinheiro aos ricos

Líder trabalhista tenta convencer como candidato a próximo primeiro-ministro, a pensar nas eleições legislativas de Maio.

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Miliband não é crível como primeiro-ministro para 63% dos britânicos LEON NEAL/AFP

A oito meses das legislativas de Maio, Ed Miliband, o líder do Partido Trabalhista britânico, apresentou-se no último congresso do Labour antes das eleições como candidato a primeiro-ministro com um discurso claramente à esquerda, em que prometeu conseguir tirar dinheiro aos ricos proprietários de imóveis, dos fundos de investimento e das tabaqueiras para financiar o sistema de saúde.

Uma sondagem YouGov divulgada nesta terça-feira revela que 35% dos britânicos apoiam os trabalhistas, e 33% os conservadores do primeiro-ministro David Cameron. É pouco, dizem os analistas. O Labour, que esteve no poder entre 1997 e 2010, deveria nesta altura do ciclo eleitoral ter mais do que dois ou três pontos de vantagem, para poder acalentar alguma esperança de ganhar as legislativas.

Mas Ed Miliband pena em afirmar-se como um líder aceite pelos cidadãos. É constantemente desacreditado pelos media de direita como sendo um desajeitado e 63% dos inquiridos nesta sondagem disseram não achar que ele poderia ser um bom primeiro-ministro.

O líder trabalhista esforça-se, e tentou mais uma vez neste discurso em Manchester, onde apresentou um plano a dez anos para transformar o Reino Unido, focado em melhor a vida do dia-a-dia dos cidadãos. Disse ser a favor de uma maior autonomia das nações que compõem o Reino Unido – o desafio lançado por Cameron após o referendo escocês – e propôs transformar que a Câmara dos Lordes se transformasse num Senado. Disse ainda estar a favor de baixar o limite de idade legal para votar de 18 para 16 anos – a idade mínima com votaram os escoceses no referendo.

“Há uma escolha de liderança nestas eleições, uma escolha clara: um líder que se coloca ao lado dos privilegiados ou um líder que luta por si e pela sua família”, afirmou Miliband, de 44 anos

Mas no discurso de cerca de uma hora, que proferiu sem recurso às suas notas, esqueceu-se de mencionar o que os estudos de opinião dizem ser os assuntos mais importantes para os eleitores: o défice público e a imigração.

 A versão original do discurso, distribuída aos jornalistas, mostra que ele queria falar nestes temas, mas ter-se-á deixado leva pelo calor de outros assuntos. A principal ideia que defendeu foi a promessa de criar um fundo anual de 2,5 mil milhões de libras (3,2 mil milhões de euros) para melhorar o serviço nacional de saúde, recrutando mais médicos e enfermeiros. Conseguiria esse dinheiro taxando os proprietários ricos de imóveis, apertando o controlo à fuga de impostos, incluindo os esquemas usados pelos fundos de investimento e criando um novo imposto para as tabaqueiras, calculado segundo a fatia que detêm no mercado.

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