"É como se uma bomba tivesse caído em Moore”

Tornado reduz cidade americana a escombros e causa 24 mortos.

As buscas de salvamento continuam nesta terça-feira em Moore, um subúrbio 25 quilómetros a sul de Oklahoma City que foi atingido por um tornado raro e extremamente violento na segunda-feira, causando pelo menos 24 mortos.

O balanço inicial das autoridades apontava para um número maior de vítimas mortais – 51, incluindo 20 crianças –, mas o gabinete de medicina legal do estado de Oklahoma reviu o número nesta terça-feira de manhã para 24, incluindo sete crianças.

Segundo a Associated Press, uma porta-voz do gabinete de medicina legal de Oklahoma explicou que algumas vítimas mortais poderão ter sido contadas duas vezes nas primeiras horas de caos depois de o tornado atingir aquela região.

Até esta manhã mais de 100 pessoas tinham sido resgatadas com vida dos destroços e, segundo o New York Times, os hospitais estavam a tratar 145 feridos, 70 dos quais são crianças.

O Presidente norte-americano, Barack Obama, declarou o estado de grande calamidade na região, autorizando a disponibilização de assistência federal às vítimas e para apoiar as equipas de socorro locais e estaduais. Segundo a Bloomberg, o tornado de segunda-feira pode ser o desastre natural mais custoso deste ano nos Estados Unidos.
Numa breve declaração a partir da Casa Branca esta manhã, Obama disse que este foi “um dos mais destrutivos tornados da história” dos Estados Unidos.

Moore, uma cidade de cerca de 41 mil habitantes, foi devastada por um tornado com ventos superiores a 320 quilómetros por hora que achatou casa após casa e deixou pilhas de entulho à sua passagem.

Os repórteres televisivos no local diziam a mesma coisa esta manhã: “Nunca vi nada assim”.

Nas imagens televisivas Moore parece uma gigantesca lixeira. As comparações com uma zona de guerra são recorrentes. “É como se uma bomba tivesse caído em Moore”, disse ao Wall Street Journal um habitante local. “Há agora espaços vazios onde antes existiam salas de estar, quartos e salas de aulas”, descreveu Obama. Algumas famílias perderam tudo o que tinham. “Nada é recuperável”, disse ao Wall Street Journal uma residente de 71 anos, Carolyn Booher, cuja casa e dois carros foram destruídos, bem como as casas dos seus dois filhos. Mas Booher estava resignada: todos os seus familiares estavam a salvo.


A cidade teve apenas 16 minutos entre o primeiro alerta do Centro de Previsão de Tempestades do Serviço Nacional de Meteorologia e o impacto do tornado, que abateu sobre Moore poucos minutos antes das 15h de segunda-feira (20h em Portugal). O Serviço Nacional de Meteorologia classificou inicialmente o tornado na categoria EF-4, o segundo tipo mais forte de tornados, numa escala de zero a cinco, mas ao final do dia esclareceu que foi encontrada pelo menos uma zona em que os ventos sopraram acima dos 322 km/h, o que eleva o tornado para o nível EF-5.

Uma sobrevivente, Ninia Lay, de 48 anos, refugiou-se no guarda-roupa depois de ouvir os alertas e diz ter sentido “algo que parecia um comboio a aproximar-se”. Segundo a Reuters, Ninia Lay esteve soterrada nos destroços da sua casa durante duas horas antes de o marido e as equipas de salvamento terem conseguido retirá-la.

A previsão de mais tempestades na região para terça-feira ameaçava complicar os esforços das equipas de socorro, embora Moore não estivesse entre as áreas em risco. As equipas faziam buscas em silêncio, para eventualmente poderem ouvir vozes de pessoas presas debaixo dos destroços.

Duas escolas primárias e um hospital foram arrasados pelo tornado. A Plaza Towers Elementary School sofreu o impacto directo do tornado e o edifício abateu quando muitas crianças estavam ainda no seu interior. Secções inteiras da escola deixaram de existir. Segundo uma televisão local, as sete crianças dadas como mortas pelas autoridades pertenciam a esta escola. Na segunda-feira à noite, famílias aguardavam ansiosamente nas igrejas locais para saber se os seus filhos estavam bem enquanto os nomes das crianças sobreviventes eram anunciados por megafone.

Os tornados não são um fenómeno raro em Moore, que desde 1998 já viu quatro. Em Maio de 1999, a cidade foi fustigada por um tornado ainda mais forte do que o de ontem, com ventos até 480 quilómetros por hora, causando a morte de 36 pessoas.
 
Notícia actualizada às 22h03 Acrescenta que Serviço Nacional de Meteorologia encontrou pelo menos uma zona em que o tornado atingido o nível EF-5, o mais elevado da escala.

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