Duas raparigas de 14 e 16 anos violadas e enforcadas na Índia

Quando as adolescentes desapareceram, a polícia recusou procurá-las.

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Por ano são registados 48,338 casos de violações de menores na Índia Danish Siddiqui/Reuters

Na terça-feira à noite duas primas de 14 e 15 anos da aldeia de Katra Shahadatganj, no Norte da Índia, saíram do domicílio familiar para irem à casa de banho. Na quarta-feira de manhã foram encontradas enforcadas numa árvore — tinham sido violadas por um grupo de homens.

A polícia prendeu um habitante da aldeia, suspeito dos crimes, e procura outros quatro. “Estiveram envolvidas várias pessoas”, disse aos jornalistas o chefe da polícia do distrito de Budan, no estado do Uttar Pradesh, onde o crime aconteceu. Dois polícias da esquadra local foram suspensos porque, na terça-feira à noite, quando a família ali foi porque as adolescentes não tinham voltado para casa, recusaram começar a procurá-las.

A autópsia, disse o chefe da polícia, indicia que houve uma violação em grupo e que a morte se deveu a enforcamento. Fora retiradas amostras de ADN do corpo das raparigas, que irão ser comparadas ao ADN dos suspeitos que vierem a ser detidos.

De acordo com os testemunhos recolhidos junto da população, só a fúria dos habitantes da aldeia quando os corpos foram encontrados levou a polícia a agir, abrindo um registo de rapto e violação. A família das raparigas acusou a polícia de inacção e os suspeitos de terem assassinado as adolescentes, depois de as terem violado.

O chefe da polícia disse que todo o crime, o rapto, a violação e a morte, estão a ser investigados.

A violência sexual está a aumentar na Índia, onde houve um aumento do número de violações e de violações em grupo, apesar de a legislação ter sido alterada para proteger as mulheres e criminalizar de forma mais dura os criminosos. 

As mudanças na lei tiveram lugar depois de uma estudante ter sido violada dentro de um autocarro em Nova Deli por um grupo de homens. A jovem mulher morreu dos ferimentos e, por toda a Índia, milhares de pessoas manifestaram-se contra a violência sexual, exigindo medidas punitivas mais duras para os criminosos - exceptuando um, que era menor, todos foram condenados à morte.

Porém, e ao contrário do que previam os legisladores, o número de casos aumentou, sobretudo contra mulheres e raparigas das comunidades mais pobres (as duas primas pertenciam a uma comunidade dalit, os intocáveis na antiga estrutura de castas indiana).

Um relatório do Centro Asiático para os Direitos Humanos concluiu, em Abril, que por ano são registados 48,338 casos de violações de menores na Índia. O mesmo documento diz que entre 2001 e 2011 houve um aumento de 336% no número de casos de violações registados, sendo que uma grande percentagem deles não chega a ser denunciado.

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