Draghi convenceu Presidente italiano a não se demitir para evitar crise nos mercados

Os investidores internacionais não entenderiam que a Itália ficasse acéfala, disse o presidente do BCE a Napolitano

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Mario Draghi disse ao Presidnete para pensar nos mercados EMILY WABITSCH/AFP

O Presidente italiano, Giorgio Napolitano considerou demitir-se para romper o impasse político e foi o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi que o convenceu a não o fazer. Já foram nomeados os sábios para tentar sair da crise - e são todos homens, nota a imprensa italiano, em tom crítico.

Relata o jornal Corriere della Sera que Draghi disse a Napolitano que era preciso evitar que o país ficasse completamente acéfalo, uma vez que já tem um Governo demissionário e um Parlamento incapaz de produzir uma maioria. Não podia, explicou o presidente do BCE, ficar também sem chefe de Esatdo, porque os investidores italianos e estrangeiros que financiam Itália e a banca nunca o entenderiam — o país arriscava-se, na terça-feira, quando a bolsa reabrir (segunda é feriado neste país), a pagar um preço "muito alto".
 
As eleições de 24 e 25 de Fevereiro não produziram uma maioria e, durante um mês, os partidos reuniram-se, tentando encontrar uma solução de coligação. Não conseguiram e Napolitano, que termina o mandato a 15 de Maio, considerou demitir-se para acelerar o fim do impasse. A Constituição não permite que um chefe de Estado que termina o mandato em menos de seis meses dissolva o Parlamento. Se se demitisse, o Parlamento teria de iniciar imediatamente o processo de eleição de um novo Presidente - que não é escolhido de forma directa, pelos eleitores. Este já poderia marcar novas eleições legislativas, com a expectativa de resolver o impasse.

A conversa com Draghi, segundo o Corriere, terá levado Napolitano a ponderar as consequências financeiras imediatas desse acto. O que levou o Presidnete a deixar um sublinhado: "Os italianos e a opinião pública internacional não podem esquecer que existe um Governo em funções, que trabalha e está a postos para adoptar medidas económicas de acordo com a Europa e com a colaboração do novo Parlamento".

O Presidente anunciou, então — e com a concordância de todos os partidos, de acordo com a declaração que fez no sábado ao país —, a intenção de nomear dois grupos de especialistas e personalidades que devem, agora, procurar uma solução para um governo e sugerir reformas no sistema político e económico.

"Até ao último dia do meu mandato irei criar condições favoráveis para desbloquear a posição rígida das forças parlamentares", disse Napolitano. Pouco depois, a lista de personalidades foi conhecida, com a imprensa italiana a reproduzi-la e a comentar que não há uma única mulher entre os "sábios". 

Um grupo (de cariz político e institucional) é composto pelos académicos Valerio Onida e Luciano Violante, e pelos senadores Mario Mauro e Gaetano Quagliariello. O segundo grupo, que se debruçará sobre as matérias económicas e sociais, pelo presidnete do Instituto Nacional de Estatística, Enrico Giovannini, pelo presidente da autoridade da concorrência, Giovanni Pitruzzella, por um membro da direcção do Banco de Itália, Salvatore Rossi, por dois deputados, Giancarlo Giorgetti e Filippo Bubbico, e pelo ministro dos Assuntos Europeus, Enzo Moavero Milanesi.

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