Dez anos depois, o mundo recorda o dia em que o mar engoliu a terra

O tsunami que atingiu vários países do Sudeste asiático, matando mais de 220 mil pessoas, é recordado em todo o mundo.

Na praia de Meulaboh
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Na praia de Meulaboh Bay ISMOYO/AFP
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Praia de Patong em Phuket Nicolas ASFOURI/AFP
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Khao Lak Nicolas ASFOURI/AFP
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Memorial de Ban Nam Khem em Khao Lak Nicolas ASFOURI/AFP
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Cemitério de Bang Muang em Phang Nga (Tailândia) Nicolas ASFOURI/AFP
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Memorial de Ban Nam Khem em Khao Lak Nicolas ASFOURI/AFP
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Cemitério de Bang Muang em Phang Nga (Tailândia) Nicolas ASFOURI/AFP
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Aldeia de Ban Nam Khem, Tailândia Damir Sagolj/Reuters
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Praia de Patong, em Phuket Damir Sagolj/Reuters
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Uma praia em Khao Lak Damir Sagolj/Reuters
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Praia em Khao Lak Damir Sagolj/Reuters
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Uma praia em Khao Lak Damir Sagolj/Reuters
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Hotel abandonado em Khao Lak Damir Sagolj/Reuters
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Antigo centro de identificação de vítimas em Ban Nam Khem, Tailândia Damir Sagolj/Reuters
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Perto do cemitério de Ban Nam Khem, Tailândia Damir Sagolj/Reuters
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Museu do tsunami em Aceh Irwansyah Putra/Reuters
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Objectos de vítimas do tsunami recuperados pela polícia tailandesa Damir Sagolj/Reuters

Milhares de pessoas participaram esta quinta-feira, já dia 26 de Dezembro na Indonésia, em várias cerimónias para assinalar o décimo aniversário do terrível tsunami que provocou mais de 220 mil mortos em 14 países banhados pelo Oceano Índico.

No dia 26 de Dezembro de 2004, um sismo de magnitude 9,3 – o mais forte no mundo desde 1960 – ocorrido ao largo da ilha indonésia de Sumatra provocou vagas gigantescas nos mares que devastaram as zonas costeiras de vários países, afectando principalmente a Indonésia (quase 170 mil mortos e desaparecidos) e o Sri Lanka (mais de 35 mil mortos).

Entre as vítimas encontravam-se milhares de turistas estrangeiros que aproveitavam a férias do Natal para gozar uns dias de sol nas praias idílicas da região.

Sobreviventes desta tragédia e socorristas que participaram nas operações de salvamento juntam-se para uma cerimónia de orações na província de Aceh, próxima do epicentro do sismo, e de longe a região mais afectada pela violência das águas do tsunami.

Em Meulaboh, uma vila de pescadores que foi completamente devastada por vagas que atingiram os 35 metros de altura, as bandeiras estão a meia haste e os habitantes preparam-se para uma noite de orações.

Quando o tsunami se abateu sobre Meulaboh, milhares de pessoas morreram afogadas, esmagadas, trespassadas, as frágeis casas foram arrasadas e as árvores arrancadas da terra. Apenas algumas mesquitas mais bem construídas resistiram em pé. Com as estradas destruídas e os meios de comunicação danificados, a vila ficou isolada do mundo durante várias semanas. A população lutou desesperadamente para sobreviver entre as montanhas de destroços, dependendo da ajuda alimentar que lhes caía dos céus, lançada por aviões.

“O tsunami destruiu tudo aquilo que nos era caro, as nossas famílias, as nossas casas”, recorda hoje Seleha, de 50 anos, sem nada nem ninguém a quem chamar seu. “Mas isso não nos derrotou. Mobilizámo-nos e deixámos Deus fazer o resto.”

As principais comemorações estão previstas para a manhã de sexta-feira. Primeiro em Aceh e depois na Tailândia, onde cerimónias com velas estão previstas nas estâncias turísticas de Phuket e Khao Lak. No Sri Lanka está planeada uma cerimónia no local onde um comboio que transportava 1500 pessoas foi levado pela água. E várias capitais europeias também vão recordar os seus cidadãos mortos na tragédia de há dez anos.

Andy Chaggar, um sobrevivente britânico que estava num bungalow em Khao Lak de onde foi levado pela força das águas, regressou este ano à praia onde perdeu a sua namorada. “Quando fui arrastado para dentro de água, havia vidros, ferros, bocados de madeira, tijolos, foi como se tivesse sido atirado para dentro de um máquina de lavar roupa cheia de pregos”, recordou, em declarações à AFP.

O tsunami de 2004 suscitou uma vaga de generosidade e voluntarismo sem precedentes no mundo, tendo sido recolhidos mais 11 mil milhões de euros para a ajuda humanitária e a reconstrução das zonas mais afectadas. Cerca de seis mil milhões de euros foram consagrados à reconstrução de mais de 140 mil casas em Aceh bem como de milhares de quilómetros de estradas, escolas e hospitais. Vilas como a de Meulaboh estão agora irreconhecíveis para quem só recorda a desolação da destruição, com ruas inteiras de casa novas e as mesquitas com os seus minaretes cintilantes. A região foi também dotada de um moderno sistema de alerta de tsunami mas os peritos avisam: o pior pode voltar a acontecer.

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