Não há sobreviventes da queda do avião argelino no Mali

A França lidera a investigação no terreno. Mau tempo é a causa provável do desastre.

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O local onde o avião desapareceu; foi encontrado na região AHMED OUOBA/AFP

O aparelho pertencia a uma empresa espanhola e voava com a bandeira da companhia aérea argelina. Mas é a França — que tem tropas no Mali — que coordena a investigação e o repatriamento dos corpos das 118 pessoas mortas no desastre aéreo de quinta-feira.

A imprensa francesa teceu duras críticas à Air Argélie e ao Governo de Argel pela inacção, quando se soube que o avião desaparecera dos radares ao sobrevoar a região de Gao, no Norte do Mali — apesar de o avião ter caído perto da fronteira argelina, foram militares do Burkina Faso que pediram autorização para entrar em território alheio em busca dos destroços, seguindo uma única pista, as pessoas que disseram tê-lo visto cair.

O Governo francês avançou então no terreno, fazendo chegar uma equipa militar ao local do desastre, que foi vedado para preservar as provas e para ser examinado e de onde já tinha sido retirada uma das caixas negras (cuja análise vai ajudar a encontrar a causa deste acidente).

“Mas a prioridade, agora, é devolver os entes queridos às famílias [dos mortos]”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Laurent Fabius, numa conferência de imprensa nesta sexta-feira à tarde e onde foi corrigida a informação sobre o número de passageiros, 118 e não 116. O Presidente François Hollande já tinha, de manhã, confirmado que todos os passageiros, 54 deles franceses (o Le Monde diz que morreu uma família de sete elementos, franco-burquineses), estavam mortos. “Infelizmente, não há sobreviventes.”

O avião, um McDonnel Douglas que viajava com o código de voo AH 5017, pertencia a uma empresa privada espanhola, a Swiftair, e tinha sido fretado até ao fim do Verão pela Air Argélie. Voava da capital do Burkina Faso, Ouagadougou, para Argel (a capital argelina) e desapareceu dos radares 50 minutos depois de ter descolado, aos primeiros minutos de quinta-feira. De manhã, a Air Argélie deu o alerta de que tinha perdido o contacto com o avião, a empresa espanhola esclareceu que se tratava do seu avião (com os seus tripulantes espanhóis a bordo) e da parte do Governo argelino sucederam-se uma série de declarações, muitas sob anonimato, em nada esclarecedoras.

A chegada das tropas francesas ao local do acidente foi possível porque o Governo de Paris mantém um contingente no Mali desde 2013, quando fez uma intervenção militar contra os grupos islamistas armados do Norte. A equipa francesa já chegou a algumas conclusões. O avião, disse o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, ter-se-á partido em dois ao embater no solo. O que quer dizer que a tese de atentado ou ataque é a menos sólida, sendo a mais provável a de a queda ter sido provocada pelo mau tempo — Gao estava debaixo de uma tempestade.

Nenhuma tese está excluída, mas o mau tempo é a causa “mais provável”, disse Cazeneuve. As condições climatéricas (um tufão) foram também a causa imediata da queda de outro avião comercial, na quarta-feira, em Taiwan – morreram 48 pessoas.

Reforçando esta possibilidade, Fabius explicou que os destroços estão concentrados numa área de 300 por 300 metros — se os destroços estivessem dispersos, como aconteceu com os do avião das linhas aéreas da Malásia que, com 298 pessoas a bordo, foi atingido por um míssil no Leste da Ucrânia na semana passada, os restos do avião estariam espalhados por uma área muito maior. “Os destroços são numerosos e estão numa zona de savana e de areia de acesso difícil, sobretudo nesta estação das chuvas”, disse Fabius.

A lista de passageiros tem sido actualizada a partir de Paris e, além de cidadãos franceses e espanhóis, iam a bordo do avião burquineses, libaneses, argelinos, luxemburgueses, canadianos e alemães. A nacionalidade de alguns passageiros ainda não foi apurada.


 

      

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