Destroço encontrado na ilha da Reunião é mesmo de um 777

Nos últimos 20 anos nenhum outro avião do mesmo tipo caiu a Sul do Equador. Australianos previnem que mistério poderá permanecer mesmo que pedaços de asa encontrada pertençam ao aparelho da Malaysia Airlines.

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Pedaço encontrado mostram o número “657BB” Prisca Bigot/Reuters

Aumentam os indícios de que um pedaço de asa de avião encontrado junto à ilha da Reunião, no Oceano Índico, pertencerá ao Boeing 777 da Malaysia Airlines que desapareceu em Março de 2014, com 239 pessoas a bordo.

O vice-ministro malaio dos Transportes, Abdul Aziz Kaprawi, disse à AFP que “o número parcial” inscrito no fragmento encontrado numa praia da ilha francesa, na área ocidental do Índico – a quatro mil quilómetros do local onde estavam concentradas as buscas – confirma que a asa pertence a um 777. Fotos do pedaço de asa, de cerca de dois metros, mostram o número “657BB”.

Especialistas ouvidos pela BBC admitem que apesar da longa distância entre a Reunião e o local onde estavam concentradas as buscas um destroço pode ter percorrido essa distância nos últimos 16 meses.

“Creio que nos aproximamos da resolução do mistério do MH370. Pode ser uma prova convincente de que se despenhou no Oceano Índico”, disse também, optimista, o vice-ministro.

Martin Dolan, director do departamento australiano de segurança dos transportes, afirmou à BBC que o pedaço de uma asa de avião encontrado – e enviado para França para análise – são “muito provavelmente” do aparelho. “Estamos cada vez mais convencidos de que os destroços são do MH370”, afirmou à AFP Dolan, que lidera as buscas pelo lado australiano.

Para além dos primeiros dados resultantes da observação do destroço e de declarações de responsáveis, a ideia de que o fragmento encontrado na quarta-feira pode pertencer ao aparelho é reforçada por um dado: nos últimos anos ocorreram vários desastres aéreos em zonas próximas da ilha da Reunião, mas em nenhum outro, segundo a AFP, esteve envolvido um Boeing 777.

O diário francês Le Monde acrescenta outro elemento em abono da hipótese: nos últimos 20 anos houve quatro acidentes do género com aparelhos desse tipo e apenas um, o do MH370, ocorreu a Sul do Equador.

Mas só fabricante poderá confirmar que o flaperon encontrado – parte da asa usada para gerir a descolagem e que funciona também como leme - pertence efectivamente ao avião desaparecido em 2014, como ressalvou o vice-ministro malaio.

O destroço foi enviado para Toulouse, onde, na próxima semana, será examinado num laboratório dependente do Ministério da Defesa francês. Para além do pedaço de asa, voluntários que  limpar a praia onde o destroço foi recolhido encontraram também uma mala e duas garrafas de origem asiática.

As autoridades australianas preveniram que mesmo que se confirme que os destroços encontrados pertenciam ao aparelho, isso não significa que seja desvendado o mistério do desaparecimento do avião. O vice-primeiro-ministro australiano, Warren Truss, disse que o destroço “pode ser uma peça material muito importante” para o caso mas, tendo em conta as correntes, não acredita que “contribua em muito para localizar o avião”.

O oceanógrafo francês Joël Sudre tem uma perspectiva diferente. Admite, segundo a AFP, que destroços do avião possam ter ido à deriva desde a zona ocidental da Austrália até à Ilha da Reunião, ao sabor da Corrente Equatorial Sul e que se fosse esse o caso, imagens de satélite dessa corrente pouco profunda poderiam permitir localizar “em alguns dias” a zona do eventual impacto.

O avião descolou de Kuala Lumpur com destino a Pequim a 8 de Março de 2014 e desapareceu uma hora depois da partida. As intensas operações de busca foram até agora infrutíferas. A 29 de Janeiro, a Malásia anunciou oficialmente que o desaparecimento foi um acidente e que passageiros e tripulação tinham presumivelmente morrido.


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