Despiste de carro na Praça Tiananmen foi ataque suicida

Polícia está à procura de informações acerca de dois suspeitos uigures da província autónoma de Xinjiang, conhecida pelas tensões entre a minoria muçulmana e o Governo central chinês.

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O incidente ocorreu na segunda-feira AFP

O incidente ocorrido na segunda-feira na Praça Tiananmen, em Pequim (China), terá sido um atentado terrorista, de acordo com a polícia chinesa. As autoridades estão agora à procura de informações acerca de dois suspeitos da minoria muçulmana uigur.

Cinco pessoas morreram e pelo menos 38 ficaram feridas depois de um jipe se ter despistado em plena Praça Tiananmen, na manhã de segunda-feira. De acordo com fontes próximas da polícia, ouvidas pela agência Reuters, o acidente tratou-se de “um ataque suicida premeditado”. No entanto, ainda não houve qualquer confirmação oficial.

“Não foi um acidente. O jipe deitou abaixo duas barreiras e abalroou os pedestres. Os três homens não tinham intenção de fugir da cena”, explicou a fonte, citada pela Reuters. A Praça Tiananmen, um dos locais mais turísticos da Cidade Proibida, tem um forte simbolismo e é sempre muito policiada.

O jipe despistou-se perto do mural em que se encontra um retrato de Mao Tse-tung, antigo secretário-geral do Partido Comunista Chinês e ideólogo da Revolução Cultural. Foi também naquele local que um protesto de estudantes chineses, em 1989, contra o regime comunista foi esmagado pelo exército.

O ataque desta segunda-feira pode estar relacionado, de acordo com fontes policiais, com a sessão plenária do Comité Central do Partido Comunista Chinês, que vai decorrer em Novembro, e do qual se espera o anúncio de importantes reformas económicas.

A polícia chinesa diz não ter ainda identificado os três ocupantes do carro, que acabaram por morrer. A Reuters diz que, entretanto, a polícia de Pequim está a investigar informações relativas a dois suspeitos, originários da província de Xinjiang, no extremo ocidente da China.

Horas depois do incidente, a polícia da capital chinesa lançou um aviso aos hotéis locais para que comunicassem a presença de hóspedes considerados suspeitos que tivessem dado entrada desde o início do mês. A circular da polícia nomeava dois suspeitos que, de acordo com os seus nomes, pareciam ser uigures, muçulmanos da província autónoma de Xinjiang, que falam turco. As autoridades referiram ainda quatro veículos, com matrícula de Xinjiang.

De acordo com a Reuters, até ao momento, tanto a polícia como os Governos da região autónoma de Xinjiang e chinês se recusaram a confirmar qualquer dado da investigação.

Há décadas que as tensões entre a minoria uigur e os han, a etnia maioritária na China, marcam a região de Xinjiang. Os uigures lutam contra a repressão política e cultural exercida pelo Governo chinês. Pequim acusa-os invariavelmente de terrorismo e separatismo.

O último episódio de violência envolvendo a população uigur, em Junho, terminou com a morte de 27 pessoas, após ataques de grupos armados a edifícios governamentais.

Os confrontos mais graves entre han e uigures aconteceram em 2009 em Urumqi, capital da região, com 200 mortos. Desde então, as autoridades reforçaram a segurança na região, que já era muito militarizada.

Em Xinjiang, os uigures são 46% da população (já foram muito mais, mas milhões de han têm chegado à região nas últimas décadas) e os han são hoje 39% da população. São os han que controlam a vida política e económica da região, rica em gás e petróleo.

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