Desalojados da explosão de Tianjin protestam e exigem indemnizações

Governo de Pequim tem demonstrado tolerância fora do vulgar às manifestações dos residentes afectados pelo desastre.

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AFP

Os habitantes de um complexo habitacional a 500 metros dos armazéns químicos da zona portuária de Tianjin, totalmente destruídos numa mega-explosão no dia 12, marcharam esta segunda-feira pela cidade com bandeiras e faixas exigindo “compensações” do Governo pela perda das suas causas e possíveis problemas de saúde resultantes da exposição a gases perigosos libertados no acidente.

O acidente da passada quarta-feira, que matou 114 pessoas e deixou centenas com ferimentos, causou vários danos estruturais aos edifícios contíguos, e obrigou à evacuação do complexo habitacional vizinho, composto por três torres de apartamentos. Mas a principal preocupação dos residentes tem a ver com a libertação de agentes perigosos no ar e a contaminação da água com compostos químicos potencialmente fatais.

Os manifestantes alegam que a área de armazéns, usada para o depósito de produtos petroquímicos e materiais perigosos, foi construída em desrespeito pelas regras que estabelecem uma distância mínima obrigatória de mais de um quilómetro entre edifícios industriais e residenciais.

Além disso, também dizem que a companhia que geria o armazém onde se deu a explosão, a Ruihai International Logistics, não cumpriu a lei ao manter centenas de toneladas de cianeto de sódio, ilegalmente, no local.

As manifestações e protestos são altamente controlados na China, mas perante a dimensão do incidente, as autoridades não contrariaram nem impediram a expressão do descontentamento dos residentes de Tianjin, que se têm organizado em protestos apoiados pelos jornais oficiais do Partido Comunista Chinês. “A atitude do Governo central é clara e firme: sem dúvida, o caso será investigado até ao mais ínfimo detalhe e às últimas consequências”, informava o editorial do Diário do Povo.

Numa visita a Tianjin, no domingo, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang concordou que “as famílias das vítimas, a população da cidade e todos os chineses merecem uma explicação” sobre o que aconteceu.

Esta manhã, um novo grupo de manifestantes concentrou-se à porta do hotel Mayfair, onde tem estado a funcionar uma espécie de centro de imprensa e onde as autoridades locais têm realizado briefings diários, para exigir indemnizações pela perda das suas casas e outras compensações por danos sofridos, nomeadamente por problemas de saúde que ainda venham a manifestar-se.

Em declarações à Reuters, um dos manifestantes, Li Jiao, esclarecia que a concentração de residentes não tinha intuitos políticos. “Isto não é uma manifestação, mas sim uma maneira de atrair a atenção do Governo. Até agora, as nossas preocupações têm sido ignoradas”, criticou. Entre os vários cartazes manuscritos para a concentração, uns exigiam que a verdade sobre a tragédia fosse revelada, e outros pediam ao Governo para indemnizar os residentes que ficaram com os seus apartamentos inutilizados.

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