Deputados britânicos dizem que NATO não está preparada para ataque russo

Relatório diz que Rússia não era considerada “adversário ou ameaça territorial potencial” desde há 20 anos, mas que agora é diferente.

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Ucrânia revelou "lacunas" da NATO, consideram os parlamentares do Reino Unido VIRGINIA MAYO/AFP

A NATO, organização militar dos países ocidentais, não está preparada para responder a um eventual ataque da Rússia a um dos seus Estados- membros – concluiu a comissão parlamentar britânica de defesa.

“O risco de um ataque da Rússia contra um Estado-membro da NATO – Organização do Tratado do Atlântico Norte, ainda que baixo, é real. Não estamos convencidos de que a NATO esteja preparada para enfrentar esta ameaça”, disse, segundo a AFP, o presidente da comissão, o conservador Rory Stewart. “A NATO tem sido muito complacente com a Rússia e não está bem preparada”, disse também, segundo citação da BBC.

A NATO “não tem considerado a Rússia como um adversário ou uma ameaça territorial potencial a um dos seus membros desde há 20 anos”, diz o relatório. “Ela é agora forçada a fazê-lo devido às recentes acções da Rússia”, acrescenta.

O relatório da comissão exorta a Aliança Atlântica, composta por 28 países, a posicionar de modo permanente tropas e equipamento militar na Estónia, Letónia e Lituânia, países que só recuperaram a sua independência após o colapso da União Soviética, no início da década de 1990. É igualmente recomendada a criação de um comando da Aliança nos países bálticos.

O apelo dos parlamentares britânicos ocorre numa altura em que os Estados Unidos e a União Europeia agravaram as sanções contra a Rússia, argumentando que a sua política tem provocado a desestabilização do Leste da Ucrânia.

Os acontecimentos na Crimeia, república ucraniana anexada este ano pela Rússia, e a situação no Leste da Ucrânia são descritos pela comissão parlamentar como um “despertador”, que revelou “lacunas alarmantes no estado de prontidão da NATO”.


“Um ataque russo não convencional, utilizando tácticas assimétricas”, seria” particularmente difícil de contrariar”, entende a comissão parlamentar.

Os deputados do Reino Unido apelam a que as realidades como os ciberataques ou a actuação de milícias irregulares sejam incluídas no artigo 5 da NATO, o qual prevê que todos os Estados ajudem um membro que seja atacado.

A comissão parlamentar considera que tanto o Reino Unido como a NATO têm focado muito a sua actuação no Iraque e no Afeganistão e que são necessárias reformas para responder ao que consideram ser as actuais ameaças. Entre as medidas preconizadas no relatório estão o reforço da já existente força de reacção rápida.

Um porta-voz da NATO não identificado disse que o relatório será estudado atentamente. “A NATO já adoptou medidas para reforçar a sua defesa comum, em particular dos nossos aliados do Leste, colocando mais aviões no ar, mais navios no mar e mais exercícios no terreno”, disse, citado pela AFP.  

A Aliança Atlântica realizou diversos exercícios no Leste da Europa desde que, em Março, a Rússia anexou a Crimeia.

A Polónia, que esteve na órbita da antiga União Soviética e agora pertence à NATO, defende a presença permanente de tropas da aliança na região, mas sua pretensão tem esbarrado nas reticências de outros parceiros devido aos custos e ao facto de uma tal opção ser vista por parte da Rússia como uma posição de antagonismo.

Em Outubro está previsto um exercício militar da NATO na Polónia. O Reino Unido anunciou esta semana que participará com 1350 soldados e mais de 350 veículos. O secretário britânico da Defesa, Michael Fallon, apelou a um maior envolvimento de outros membros na operação.

A próxima cimeira da organização está agendada para Setembro no País de Gales – com mudança de secretário-geral, saindo Anders Fogh Rasmussen e entrando para o seu lugar o ex-primeiro-ministro norueguês Jens Stoltenberg – e os parlamentares britânicos querem que, nessa altura, a NATO repense o seu posicionamento.

 

 

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