Depois da lava e da cinza, chuva ameaça região chilena do vulcão Calbuco

Habitantes da vila de Enseada trabalham na limpeza das casas e juntam gado disperso, esperando que a chuva não cause mais estragos.

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Médicos alertam para efeitos nocivos da queda de chuva sobre a camada de cinza MARTIN BERNETTI/AFP
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O “estado de excepção” e o estatuto de “zona de catástrofe” mantêm-se na região do Chile onde, depois de 43 anos de inactividade, o vulcão Calbuco teve, na semana passada, duas erupções que obrigaram à retirada de cerca de 6.500 pessoas das suas casas.

Apesar de não se ter registado qualquer actividade eruptiva do vulcão desde quinta-feira, as autoridades continuam à espera de uma provável terceira erupção, mantendo o estado de alerta e a ordem de evacuação da região num raio de 20 quilómetros.

Enquanto se contabilizam os estragos e prosseguem as limpezas, os médicos alertam para os efeitos nocivos da prevista queda de chuva sobre a camada de cinza.

A vila de Enseada, a 15 quilómetros do Calbuco, vive horas de desespero. Desde a passada sexta-feira que os habitantes deslocados vão e vêm todos os dias aos locais onde habitaram a vida toda e tentam salvar o que podem, entre casas, negócios e animais. Têm a ajuda de membros do exército e das equipas de emergência.

As cinzas do vulcão amontoam-se pelas ruas e telhados das casas e os animais sobreviventes vagueiam pelas áreas circundantes.

As autoridades estão a fornecer água, alimentação e material médico aos deslocados e aos que trabalham na limpeza das suas casas e infra-estruturas. O Ministério do Interior estima que entre cabeças de gado desaparecidas ou mortas e instalações destruídas, o trabalho de cerca de 300 agricultores tenha sido afectado. E está a prestar apoio na recolha dos animais e na sua recolocação fora da zona afectada.

A juntar às perdas materiais e aos negócios que ruíram, teme-se ainda o efeito negativo das chuvas previstas para os próximos dias. Citado pelo jornal chileno La Tercera, um habitante explicou ter de limpar rapidamente a sua casa antes que “venha a água e transforme tudo em cimento”. Calcula-se que, esta terça-feira, cerca de sete milímetros de água caiam sobre a camada de 50 centímetros de cinzas que cobrem Enseada.

Para além da possibilidade de deslocamento imprevisível de material vulcânico devido à chuva, os médicos temem que o efeito da água possa libertar gases nocivos para a saúde, devido à quantidade significativa de enxofre presente nas cinzas.

A deslocação da nuvem de cinzas do vulcão para leste obrigou ao cancelamento de vários voos no Chile, Argentina, Uruguai e Brasil.

O Chile viveu nas últimas semanas uma situação inédita de estado de emergência, uma vez que, a somar à erupção do vulcão Calbuco, tem sofrido inundações no Norte e incêndios no Sul.

Editado por João Manuel Rocha

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