Presidente François Hollande leva ministros a publicarem património

As declarações do património dos 37 ministros do Governo socialista estarão disponíveis nesta segunda-feira na página oficial do Governo francês.

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François Hollande tomou posse e entrou no Palácio do Eliseu em Maio de 2012, sucedendo a Nicolas Sarkozy Philippe Wojazer/REUTERS

É a primeira etapa de uma “operação transparência” – assim lhe chama a imprensa francesa – decidida pelo Presidente François Hollande para moralizar a vida pública. Os 37 membros do Governo socialista, primeiro-ministro incluído, verão publicadas, nesta segunda-feira à tarde, a sua declaração de património na página oficial do executivo na Internet. Casas ou carros, residências de férias, contas bancárias ou acções em empresas – tudo será listado com os respectivos valores.

A opção do Presidente, anunciada na quarta-feira, não agrada a todos os políticos que invocam protecção da privacidade e das famílias bem como o risco de voyeurismo e abusos no tratamento da informação pelas redes sociais.

A decisão é inédita e acontece depois da demissão em Março de Jérôme Cahuzac, ministro adjunto, encarregado do Orçamento, acusado de fraude fiscal. Na altura, o ministro da Economia Pierre Moscovici foi criticado por tratar o caso com "complacência e ligeireza".

A medida abrange todos os ministros e pode vir a incluir governantes locais e administradores de grandes empresas, além de deputados que se preparam para votar uma lei para a moralização, a apresentar em Conselho de Ministros na próxima semana.

Apesar das reticências dos parlamentares, o primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault disse numa entrevista na sexta-feira que o Governo está decidido a "ir até ao fim" relativamente à transparência das actividades e ao património dos eleitos.

Maioria será indiferente aos valores
A opção de publicar o património dos ministros é bem recebida pela maioria dos franceses (63%), que vêem esta primeira de uma série de medidas decididas pelo Presidente e chefe do Governo François Hollande como “necessária numa democracia moderna”, segundo uma sondagem Ifop para o Journal du Dimanche.

A maioria (70%) diz que reagirá com indiferença mesmo nos casos de governantes com patrimónios elevados – como será o caso da socialista Michèle Delaunay, ministra delegada para as Pessoas Idosas, que se antecipou e fez saber o seu património no valor de 5,4 milhões de euros ao jornal regional Sud Ouest. A ministra disse estar consciente de que este será um valor “dificilmente compreensível para a maioria dos franceses que passam por dificuldades”.

Michèle Delaunay está entre os três ministros – juntamente com Laurent Fabius e Marisol Touraine – que reconheceram publicamente estarem sujeitos ao imposto sobre a fortuna.
 
 
 
 
 
 

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