Crianças são as principais vítimas de violação e outros abusos sexuais em zonas de conflito

Relatório da organização Save the Children revela "os horrores escondidos da guerra".

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Na República Democrática do Congo, a maioria dos casos envolve crianças do sexo feminino Finbarr O'Reilly/Reuters

Em algumas zonas de conflito, como a Libéria e a Serra Leoa, mais de 70 por cento das vítimas de violência sexual são crianças, alerta a organização não-governamental Save the Children. Há relatos de bebés de dois anos abusados sexualmente por professores, líderes religiosos e elementos de forças de manutenção da paz.

No relatório "Unspeakable Crimes Against Children – Sexual Violence in Conflict" (Crimes Indizíveis Contra as Crianças – violência sexual em conflitos), divulgado nesta semana, a associação britânica descreve a violência sexual exercida sobre as crianças em zonas de conflito como "os horrores escondidos da guerra". De acordo com o documento, a maioria das vítimas de abusos sexuais nestas regiões são crianças.

O relatório está cheio de testemunhos de violações em países como o Mali, a República Democrática do Congo, a Somália ou a Colômbia, entre outros. "A rapariga que eles levaram tinha 16 anos. Estavam fardados, estavam todos vestidos da mesma forma. Taparam-lhe os olhos para que ela não os reconhecesse. Tinham armas. Eram cinco e obrigaram-na a dormir com eles. Não lhe bateram, mas desonraram-na", conta a maliana Maimouna, que descreve o sequestro e a violação de uma amiga.

"É chocante que em zonas de conflito em todo o mundo haja crianças a serem violadas a este ritmo alarmante", disse à agência Reuters o director executivo da Save the Children, Justin Forsyth. "A violência sexual é um dos horrores escondidos da guerra e está a destruir vidas", lamentou o responsável.

Na República Democrática do Congo, por exemplo, quase dois terços dos casos de abusos sexuais registados pela ONU em 2008 envolveram crianças, a maioria adolescentes do sexo feminino.
 
 

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