Coronavírus da MERS já faz sete mortos na Coreia do Sul

Noventa e cinco pessoas foram infectadas pelo vírus oriundo do Médio Oriente. Outras 3000 estão de quarentena.

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As autoridades já ordenaram o encerramento de mais de duas mil escolas Yoon Dong-jin/Yonhap/Reuters

A propagação do coronavírus da "síndrome respiratória do Médio Oriente" (MERS, na sigla em inglês) já resultou na morte de sete pessoas na Coreia do Sul. As autoridades identificaram 95 casos de infecção e o surto levou à colocação de 2892 pessoas em situação de quarentena. Milhares de escolas fecharam e os países vizinhos estão a aconselhar os seus habitantes a não viajar para a Coreia do Sul, mas as autoridades querem evitar o pânico generalizado.

A doença surgiu pela primeira vez em 2012, na Península Arábica, e o vírus que a provoca é semelhante ao que causa a síndrome respiratória aguda (SARS). Ainda que menos contagioso, o vírus da MERS pode ser mais mortífero. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), já foram identificados mais de mil casos de MERS, num total de 25 países, e o número total de mortos causados pelo vírus é de cerca de 400.

“Estamos a levar a cabo duas guerras: a guerra contra a doença e a guerra contra o medo”, anunciou Nam Kyung-pil, governador da província de Gyeonggi, região onde se registou o primeiro caso de MERS, citado pela agência Reuters. Há cerca de um mês, um empresário sul-coreano, de 68 anos, realizou uma viagem ao Médio Oriente e foi infectado com o coronavírus.

A rapidez de contágio, que causou a morte de sete pessoas e a infecção de outras 95, levou os hospitais a criticar a ineficácia do Governo da Coreia do Sul. Park San-geun, director a Associação Coreana de Hospitais, citado pela agência Reuters, acusou o executivo de comunicação inadequada e de “falta de informação sobre os doentes infectados”, situação que atrasou o combate eficiente ao surto.

Face ao estado de alerta vivido no país e que resultou no fecho de 2208 escolas, o Governo da Coreia do Sul uniu esforços com a OMS para responder de forma eficaz ao surto de MERS, evitando que o pânico tome conta do país.

Uma das decisões imediatas é a colocação em quarentena de 2892 pessoas que estiveram em contacto com doentes infectados pelo vírus que provoca a MERS. De forma a garantir que estas pessoas cumprem o isolamento, no hospital ou em casa, as autoridades vão tomar uma série de medidas de supervisão como, por exemplo, o rastreio dos telemóveis dos suspeitos de infecção.

“Vamos lidar firmemente com qualquer um que agrave o sentimento de mal-estar público”, anunciou Kang Shin-myun, à Reuters, chefe da polícia de Seul, a capital da Coreia do Sul, reforçando a ideia de que as ordens de quarentena serão “impostas” à população.

Países vizinhos em alerta

O Governo de Hong Kong emitiu um “alerta vermelho” para os turistas que pretendam viajar para a Coreia do Sul e aconselha o cancelamento das viagens ditas “não essenciais”. O surto do coronavírus da MERS no território sul-coreano é descrito pelas autoridades da região chinesa como uma “ameaça séria e significativa”.

“O Governo entende que é necessário enviar uma mensagem clara, nesta altura”, disse Carrie Lam, secretária-chefe da administração do Governo de Hong Kong, justificando as medidas de alerta sobre a situação na Coreia do Sul, segundo a televisão pública local. Cerca de 12 mil viagens “não essenciais” foram canceladas pelo Travel Industry Council, o órgão de regula e supervisiona as agências de viagens de Hong Kong.

Também Macau está em alerta devido à propagação do vírus da MERS na Coreia do Sul. O antigo território português já anunciou o pedido de máscaras para distribuir pela população, nomeadamente para as pessoas que se dirijam a um hospital ou estabelecimento de saúde, de modo a evitar possíveis contágios. Para além disso, à semelhança de Hong Kong e de Taiwan, também aconselham os seus habitantes a evitar viajar para a Coreia do Sul, a menos que seja “absolutamente necessário”.

Texto editado por Joana Amado

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