Coreia do Norte criou zonas de exclusão aérea após ameaçar anular armistício

Seul, que está em exercícios militares, garante que retaliará contra qualquer ataque. Pyongyang pode iniciar exercícios que incluam disparos de mísseis. Em pano de fundo está a discussão de mais sanções da ONU ao regime norte-coreano.

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Soldados sul-coreanos patrulham a zona desmilitarizada entre as duas Coreias Lim Heon-jung/Yonhap/Reuters

A Coreia do Norte estabeleceu zonas de exclusão aéreas e náuticas nas suas costas Leste e Oeste, anunciou a agência noticiosa sul-coreana Yonhap, no que poderá indicar a preparação de um exercício militar ou de disparos de mísseis de curto e longo alcance.

Isto acontece depois de ter ameaçado anular o armistício com a Coreia do Sul que terminou a guerra civil (1950-53), sem nunca ter sido assinada a paz, por causa de jogos de guerra conjuntos da Coreia do Sul e dos EUA que começaram a um de Março.

Em resposta, o Exército sul-coreano disse que não iria cancelar os exercícios militares, que envolvem 200 mil militares sul-coreanos e 10 mil norte-americanos e deverão continuar até ao final de Abril. Além disso, garantiu que responderia a qualquer ataque do Norte e retaliaria atingindo mesmo a sua liderança.

Tudo isto acontece quando na ONU há notícias de um acordo entre a China (único aliado da Coreia do Norte) e os Estados Unidos para castigar Pyongyang (com sanções incluindo restrições às contas bancárias de figuras do regime) pelo seu exercício teste nuclear de Fevereiro.

A Coreia do Norte não é novata no uso de retórica belicosa, e já tinha declarado antes nulo o armistício com o Sul. “As ameaças do regime são consistentes com comportamento anterior da Coreia do Norte e têm como objectivo intimidar o Conselho de Segurança enquanto este delibera sobre sanções adicionais contra Pyongyang por causa do seu teste nuclear”, comentou Bruce Klingner, da Heritage Foundation, à Reuters.

O lançamento de um projéctil de longo alcance, em Dezembro, marcou o início do aumento da tensão entre a Coreia do Norte e do Sul, aprofundada ainda pelo teste nuclear de Fevereiro. Ainda assim, no início do ano Kim Jong-un, que tomou posse há pouco mais de um ano depois da morte do seu pai, parecia ter tido um gesto de abertura para com a nova Presidente do Sul, Park Geun-hye, pedindo o fim do ambiente de “confrontação”.

Park tinha, pelo seu lado, prometido aproximar-se de Pyongyang caso estes desistissem dos seus planos militares, mas enfrenta agora a possibilidade de um desafio hostil do vizinho mesmo no início do seu mandato.

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