Coreia do Norte ameaça lançar guerra contra o Sul

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Os exercícios de Seul são vistos como gesto de guerra por Pyongyang Kim Ju-Sung/Yonhap/Reuters

A Coreia do Norte avisou Seul que se continuar a enviar propaganda para o território irá responder com disparos; e se dos exercícios navais sul-coreanos com os EUA sair algum tipo de provocação, o resultado será a guerra total, noticiaram os media norte-coreanos.

Panfletos a dar conta da situação no Egipto foram distribuídos por meios aéreos pelo Sul, segundo afirmou um deputado na sexta-feira. Como parte da campanha psicológica, o Exército sul-coreano também enviou alimentos, medicamentos e rádios para os habitantes, numa iniciativa que pretende encorajar os norte-coreanos à mudança.

“A Coreia do Sul está a levar a península coreana para um confronto, alimentando golpes psicológicos e anti-republicanos”, afirmou a agência KNCA. “Se estas acções continuarem apesar dos nossos avisos repetidos, informamos oficialmente que o nosso Exército irá disparar para a zona de onde vêem estes golpes psicológicos e anti-republicanos, incluindo Imjingak, ao abrigo do direito à auto-defesa”.

Imjingak é uma região do lado sul-coreano, próxima da Zona Desmilitarizada (com grande densidade de arsenal militar) que separa os dois lados da península. A Coreia do Norte mantém um controlo apertado das comunicações, incluindo o uso de telefones, e do movimento das populações, deixando muitos no país sem conhecimento do que se passa no estrangeiro.

A Coreia do Sul retomou a sua campanha de falar directamente com a população norte-coreana, depois de o Norte ter bombardeado uma ilha perto da fronteira marítima contestada por Pyongyang, matando quatro pessoas.

O aviso surge na véspera de exercícios navais entre o Sul e os Estados Unidos, aos quais as forças norte-coreanas assistirão em estado de alerta máximo, adiantou a agência oficial. Se daqui resultar algum tipo de provocação, a Coreia do Norte responderá com a guerra. “Se os agressores lançarem uma provocação de uma ‘guerra local’ o mundo irá assistir a uma resposta com uma guerra generalizada sem precedentes por parte do Exército e da população da RPDC [República Popular Democrática da Coreia]”, avisou a KCNA, lembrando que se for necessário poderá utilizar o seu arsenal nuclear.

Os alertas não são inéditos e os analistas não consideram provável que o regime de Kim Jong-il lance uma arma atómica. “O Norte reage com muita emoção porque acha que o poder de panfletos [de propaganda] psicológicos é maior do que o de uma bomba nuclear”, diz um analista citado pela agência sul-coreana Yonhap.

Cerca de 200 mil soldados sul-coreanos e 12.800 americanos vão participar nas manobras: um exercício de comando que deverá durar até 10 de Março, e exercícios aéreos, navais e terrestres até 30 de Abril. O treino testará também a resposta a uma eventual queda súbita do regime norte-coreano e um êxodo maciço de refugiados, actos de provocação ou pesquisa de armas de destruição maciça, adianta a agência do Sul.

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