Consultora Ernst & Young vai fiscalizar contas do Vaticano

O Governo do Vaticano nomeou a quarta maior empresa de auditoria do mundo para assessorar as suas actividades económicas e processos de gestão.

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O Papa Francisco numa das suas habituais audiências semanais na Praça de São Pedro FILIPPO MONTEFORTE/AFP

O Governo do Vaticano nomeou a empresa de consultoria Ernst & Young e nela depositou confiança para “assessorar e fiscalizar" as suas actividades económicas e "processos de gestão”. A iniciativa enquadra-se na operação de transparência promovida pelo Papa Francisco, depois dos escândalos vindos a públicos em 2012 e foi anunciada segunda-feira.

A decisão foi adoptada na sexta-feira, 15 de Novembro. Três dias depois, na segunda-feira, foi aprovado um decreto (motu proprio) com o novo estatuto da Autoridade Financeira do Vaticano (AIF) e que confere a este órgão de muito poder, segundo especialistas, a função de “vigilância preventiva” de actividades de natureza financeira.

Numa nota da Santa Sé fica explicado que “a documentação com os resultados da assessoria servirá para propor eventuais recomendações destinadas a melhorar a eficiência e a eficácia dos processos económicos e administrativos do Governo da Cidade do Vaticano”. A Ernst & Young é a quarta mais importante empresa de auditoria do mundo.

O anúncio enquadra-se numa operação de transparência promovida pelo Papa Francisco, depois dos escândalos vindos a público no ano passado, envolvendo o Instituto das Obras da Religião (Banco do Vaticano), e aos quais se juntaram os escândalos do Governo do Vaticano, a Cúria, cujas práticas corruptas e de má gestão administrativa foram denunciadas por monsenhor Carlo Maria Viganò, em cartas enviadas ao então Papa Bento XVI pelo núncio nos Estados Unidos e ex-secretário-geral da Cúria. O caso ficou conhecido como Vatileaks.

Numa delas, lembra o jornal Folha de São Paulo, Viganò dizia que os banqueiros do Comité de Finanças e Gestão do Governo do Vaticano e da Secretaria de Estado estavam mais preocupados com seus interesses do que com os do Vaticano e que, até o final de 2009, tinham perdido 2,5 milhões de dólares numa transacção financeira.
 

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