Cônsul honorária francesa vendia botes a migrantes na Turquia

Françoise Olcay já foi suspensa do cargo. Caso descoberto durante investigação jornalística.

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France 2 TV

A equipa do canal francês France 2 estava em Bodrum, na Turquia, para descobrir onde e como os migrantes compravam os botes pneumáticos e os coletes salva-vidas necessários para a travessia em direcção à Europa. Descobriram que uma das fornecedoras era cônsul honorária da França.

Durante a realização da reportagem da France 2 TV, os jornalistas descobriram uma loja com uma bandeira francesa no exterior e um sinal à entrada com a indicação “Cônsul Francês Honorário”. Françoise Olcay é a proprietária da loja de produtos ligados a actividades marítimas.

Na reportagem, filmada com câmara oculta, Olcay é questionada a propósito da venda de botes pneumáticos e de coletes salva-vidas aos refugiados e migrantes. “Tem noção de que está a alimentar o tráfico?”, pergunta o repórter. “Se não formos nós, serão outros”, responde Olcay, acrescentando que as autoridades turcas também estão envolvidas.

“O ministro ordenou a sua suspensão [de funções]”, declarou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês. "Se os factos se comprovarem, a suspensão do cargo poderá ser revogada com a autorização do ministro e a proposta do embaixador”, acrescentou. Françoise Olcay é cônsul honorária na Turquia desde Outubro de 2014.

Os cônsules honorários possuem um estatuto especial que lhes permite exercer uma actividade profissional remunerada. Não são membros do corpo diplomático de um país. A sua principal função é a de manter um contacto próximo com os seus compatriotas numa determinada região.

De acordo com as Nações Unidas, nos primeiros sete meses de 2015 já chegaram à costa grega cerca de 124 mil pessoas. A travessia através do Mediterrâneo é feita em botes e sob grande risco. Bodrum tem sido uma das últimas paragens para milhares de refugiados e migrantes antes da chegada à Europa.

No entanto, e de acordo com a BBC, o número de saídas de migrantes terá diminuído ligeiramente após as autoridades turcas terem intensificado o patrulhamento da região - nomeadamente depois do caso de Alan Kurdi, o menino sírio de três anos cuja morte despertou a indignação internacional e que reforçou o perigo que os migrantes enfrentam na sua travessia.

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