Confrontos entre polícia e trabalhadores do metro de São Paulo marcam quinto dia de greve

A três dias do arranque do Mundial de futebol na cidade brasileira, trânsito nas ruas e circulação no metro estão caóticos.

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Polícia de choque entrou na estação Ana Rosa para dispersar manifestantes grevistas Kai Pfaffenbach/Reuters
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Polícia de choque impede que mais manifestantes entrem no metro Kai Pfaffenbach/Reuters
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Noite de domingo foi marcada por protestos e tentativas de dispersão pela polícia NELSON ALMEIDA/AFP
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Os confrontos entre manifestantes e as autoridades têm se centrado na estação Ana Rosa NELSON ALMEIDA/AFP
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Tropa de choque tenta retirar da estação perto de uma centena de manifestantes Damir Sagolj/Reuters
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Domingo ficou marcdo por protestos nas ruas de São Paulo NELSON ALMEIDA/AFP
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Manifestantes reagem após a chegada da tropa de choque Damir Sagolj/Reuters

No quinto dia de greve, os trabalhadores do metro de São Paulo recusam ceder à decisão do Tribunal do Trabalho que considerou a paralisação ilegal e ao aviso do governador da cidade de que haverá despedimentos por justa causa se não regressarem ao trabalho. A greve continua quando faltam três dias para arrancar o Mundial de futebol, esta segunda-feira com confrontos entre os trabalhadores e a Polícia Militar.

O dia começou com 24 horas de paralisação no metro, depois de no domingo o Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo ter considerado a greve inconstitucional. O tribunal argumentou que os trabalhadores não cumpriram o disposto desde o primeiro dia de greve – teriam que manter-se 100% operacionais nas horas de mais movimento e 70% no período mais calmo. O sindicato dos trabalhadores ficou ainda obrigado ao pagamento de uma multa no valor de cerca de 500 mil reais (162 mil euros) por cada dia de greve.

A decisão do tribunal surge depois de as negociações entre o sindicato dos metroviários e a empresa terem falhado. Os trabalhadores exigem um aumento salarial de 12,2%, enquanto o metro se fica pelos 8,7%. O tribunal decidiu neste ponto que o reajuste salarial deve ser de 8,7%, alegando que é preciso considerar a "boa fé e capacidade financeira" de pagamento da empresa.

Após uma assembleia-geral dos trabalhadores marcada depois da decisão judicial, estes decidiram continuar com a greve. O presidente do sindicato, Altino Melo dos Prazeres, citado pelo G1, site de notícias da Globo, afirmou que perante um acontecimento desportivo como o Campeonato do Mundo e as eleições presidenciais, a 5 de Outubro, o Governo brasileiro "tem que negociar" com os grevistas. Melo dos Prazeres disse ainda que os trabalhadores vão enviar uma carta para a Presidente Dilma Rousseff. "Queremos que intercedam junto ao governador Geraldo Alckmin para que se abra um canal de negociação".

No domingo, o governador apelou aos grevistas que regressassem ao trabalho. "Hoje o tribunal decidiu que a greve é a abusiva, totalmente ilegal. Hoje não tem discussão, ela é totalmente ilegal”, sublinhou, alertando que os funcionários que não o fizerem podem ser demitidos por justa causa. "Agora nós estamos discutindo o direito de trabalhar de mais de cinco milhões de pessoas que precisam do metro. Quero deixar claro que quem não for trabalhar incorre na possibilidade de demissão por justa causa". Esta segunda-feira, a administração do metro indicou irá demitir pelo menos 60 dos seus trabalhadores, segundo o G1.

Adesão entre 90% a 95%
A paralisação está a ter uma adesão de 90 a 95% dos 9500 funcionários, entre maquinistas, seguranças e pessoal da manutenção. Na manhã desta segunda-feira, o site do metro de São Paulo confirmava que a circulação era parcial ou estava totalmente suspensa em algumas das suas cinco linhas. O G1 avança que o metro tinha 30 das suas 65 estações fechadas, nesta manhã. Segundo dados de 2013, o metro de São Paulo tem cerca de 66 quilómetros de rede e transporta uma média de quatro milhões de passageiros por dia.

Num comunicado, a empresa disse respeitar a decisão do Tribunal Regional do Trabalho e que “cumprirá as determinações da Justiça”. “Os excessos apurados durante a greve serão tratados em conformidade com os instrumentos internos e a legislação trabalhista”, termina a nota.

O quinto dia de greve começou com confrontos entre trabalhadores do metro e a Polícia Militar. Os jornais brasileiros estão a fazer uma cobertura ao minuto e pelas 11h30 de Lisboa, indicavam que as autoridades bloquearam 100 trabalhadores no interior da estação Ana Rosa. Pelo menos 85 foram libertados mas os restantes permanecem no interior da estação. A edição online da Folha de São Paulo dá conta que a tropa de choque entrou naquela estação do metro esta manhã para conter os manifestantes da greve. Os que se encontravam no exterior acabaram por procurar refúgio na Avenida Vergueiro, depois de terem sido lançadas granadas de atordoamento pelas autoridades. Já na avenida, a polícia voltou a lançar granadas para dispersar o protesto. Na última sexta-feira, a Polícia Militar já tinha lançado bombas de gás lacrimogéneo e balas de borracha sobre os grevistas junto à estação de Ana Rosa.

Devido à greve no metro, o trânsito está caótico em São Paulo. O site do jornal Estadão indica que existe um total de 113 quilómetros de fila em algumas das principais artérias da cidade.

São Paulo recebe o primeiro jogo do Mundial na quinta-feira, entre o Brasil e a Croácia, na Arena de São Paulo, às 21h de Lisboa.

Notícia corigida e actualizada às 12h59: Corrige valor da multa diária aplicada ao sindicato e acrescenta que o metro pretende despedir 60 pessoas.

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