Confrontos entre manifestantes e polícia na inauguração do novo BCE

Protestos antiausteridade resultaram em vários carros incendiados nas imediações do novo edifício do BCE. Mario Draghi diz que críticas são "injustas".

Foto
Vários carros foram postos em chamas, incluindo seis veículos da polícia Odd Andersen/AFP

Milhares de manifestantes protestaram contra a troika e austeridade na manhã desta quarta-feira durante a inauguração do novo edifício do Banco Central Europeu (BCE), em Frankfurt. Vários carros foram postos a arder por um grupo que participava no protesto. Foram também montadas barricadas de pneus em chamas e dezenas de polícias foram apedrejados.

Segundo a Reuters, os confrontos partiram de uma “minoria violenta” que integrava a massa de milhares de manifestantes – numa segunda estimativa os organizadores apontaram para os 6000, a polícia diz apenas que estiveram na ordem dos milhares. Em resposta, a polícia de Frankfurt colocou arame farpado à volta do novo edifício do BCE. 

Mario Draghi referiu-se aos protestos no seu discurso de inauguração do novo edifício do BCE. Apesar de admitir que os processos de ajustamento económico implicam dificuldades, o presidente do BCE justificou as políticas de austeridade como uma consequência inevitável para as más decisões governamentais do passado e disse que as acusações contra o BCE são injustas. 

“Há pessoas que atravessam momentos muito difíceis”, começou por dizer Mario Draghi. “Mas a zona euro não é uma união política em que alguns países pagam permanentemente por outros”, prosseguiu o presidente do BCE. Afirmou em seguida: “O facto de que alguns tiveram de atravessar um período difícil de ajustamento não é portanto uma escolha que lhes foi imposta. É uma consequência das suas decisões passadas.”

"O BCE tornou-se num foco de atenção para os que estão frustrados com esta situação", disse ainda Mario Draghi. "Esta acusação pode não ser justa – a nossa acção orientou-se precisamente para a atenuação dos choques sofridos pela economia", concluiu.

Na sequência dos confrontos entre polícia e manifestantes foram detidas 16 pessoas, como avança a AFP. A polícia alemã refere que 14 dos seus agentes ficaram feridos e que 80 sofreram irritação nos olhos na sequência do gás lançado nos protestos. Do lado dos protestos a organização diz que 21 pessoas ficaram feridas com bastonadas da polícia e que 104 sofreram irritações oculares.

Seis carros da polícia foram incendiados e vários estabelecimentos no centro de Frankfurt foram vandalizados. 

As manifestações desta quarta-feira foram convocadas pelo movimento antiausteridade alemão Blockupy, que a Reuters diz se ter inspirado no movimento Occupy Wall Street. O grupo afirma lutar contra a austeridade e a troika, mas também contra o papel do BCE na gestão da crise na Grécia.

À Reuters Ulrich Wilken, um dos organizadores das manifestações, afirmou que o protesto foi organizado “contra o BCE, como membro da troika, que, apesar de não ter sido democraticamente eleito, mina o trabalho do Governo grego". "Queremos que as políticas de austeridade terminem”, enfatizou.

Sugerir correcção
Ler 9 comentários