Condenação à morte de líder islamista provoca dezenas de mortos no Bangladesh

Tribunal está a julgar crimes da guerra da independência, em 1971. Oposição diz que julgamentos têm motivação política.

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Condenação foi seguida de violência na rua AFP

Pelo menos 35 pessoas morreram em confrontos no Bangladesh, depois de um tribunal ter condenado à morte um líder islamista da oposição, acusado de homicídio, violação e perseguição religiosa, durante a guerra pela independência, em 1971.

Depois de graves distúrbios na quinta-feira, dia em que foi conhecida a sentença, a violência voltou esta sexta-feira. Um condutor de rickshaw foi morto em Gaibandha, no Norte, em confrontos entre manifestantes pró-governamentais e apoiantes do Jamaat-e-Islami, principal partido islamista do país. Muitas manifestações anunciadas foram proibidas.

A condenação de Delwar Hossain Sayedee, vice-presidente do Jamaat, pelo controverso Tribunal Internacional de Crimes do Bangladesh (ICT), provocou, na quinta-feira, a ira dos seus partidários.

O dirigente islamista foi considerado culpado de oito crimes, entre os quais morte, violação e conversão forçada de hindus ao Islão, na guerra que fez milhares de mortos em 1971, quando o Bangladesh era ainda uma província do Paquistão – o Paquistão Oriental. Nos confrontos que se seguiram ao anúncio da sentença foram mortas mais de três dezenas de pessoas, entre as quais cinco polícias. Foram contados cerca de 300 feridos.

Delwar Hossain Sayedee, que fez parte das milícias pró-paquistanesas, foi o terceiro condenado pelo tribunal que, apesar da designação, não é supervisionado por qualquer instituição internacional. O Governo diz que estes processos são necessários para cicatrizar as feridas da guerra da independência. A oposição diz que foi criado por motivos políticos.

No início de Fevereiro, foi condenado a prisão perpétua Abdul Quader Molla, número quatro do partido islamista – decisão que provocou confrontos que fizeram 16 mortos. Uma parte da população reclamava, segundo a AFP, a pena de morte. Em Janeiro, um religioso islamista conhecido por espalhar a palavra do profeta através da televisão, foi condenado à pena capital, acusado de homicídio e genocídio.

Sultana Kamal, da associação de defesa dos direitos do homem Ain O Salish Kendra, considera que esta é a mais mortífera onda de violência política desde a independência. Desde o primeiro veredicto do tribunal, a 21 de Janeiro, morreram mais de meia centena de pessoas

 

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