Fumo negro na chaminé da Capela Sistina

Cerca de duas horas depois do início do conclave, da chaminé da Capela Sistina saiu fumo negro. Votações continuam na quarta-feira

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Fumo negro: ainda não há novo Papa Reuters
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Os cardeais na Capela Sistina Reuters
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A Capela Sistina ainda vazia AFP
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Os cardeais a entrarem na Capela Sistina Reuters
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Milhares de fiéis aguardaram pelo fumo na Praça de S. Pedro Reuters

No final da primeira votação do conclave que vai eleger o sucessor de Bento XVI, a chaminé colocada no telhado da Capela Sistina deitou fumo negro, sinal de que ainda não há o consenso necessário entre os 115 cardeais sobre um novo Papa.

Depois de caminharem em procissão desde a Capela Paulina até à Capela Sistina, onde entraram pelas 15h30, os cardeais prestaram um juramento de silêncio, que os impede de revelar qualquer informação sobre o que se passará durante todo o processo de eleição. Em conjunto, os prelados leram o texto de juramento em latim conduzidos pelo cardeal Giovanni Battista Re, prefeito emérito da Congregação para os Bispos. Em seguida, cada um dos cardeais selou o compromisso de sigilo lendo uma curta frase e colocando a mão direita sobre a bíblia.

Pelas 16h35, monsenhor Guido Marini, mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, disse em voz alta e forte a expressão em latim extra omnes (saiam todos). Oficiais, religiosos e jornalistas abandonaram a capela. No seu interior ficaram isolados os 115 cardeais e o conclave teve início. Duas horas e onze minutos depois do início do conclave surgiu o resultado da primeira votação. Uma densa nuvem de fumo negro era visível no telhado da capela, um resultado que já era esperado por muitos. A eleição do próximo Papa não deverá prolongar-se por muito tempo. Prevê-se que até ao final da semana seja anunciado o nome. O próprio porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, admitiu que o processo eleitoral “deverá bastante rápido”.

O cardeal patriarca de Lisboa, José da Cruz Policarpo, foi o 32º cardeal a votar no conclave. O cardeal Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor da Santa Sé, foi o 106.º prelado a exercer o seu voto. A ordem de votação é definida em função da data de criação cardinalícia e da ordem (episcopal, presbiteral ou diaconal) em que os cardeais são inscritos.

No primeiro dia de conclave só se procedeu a uma votação, mas a partir de quarta-feira e até que seja eleito o novo Papa vão decorrer duas votações de manhã e duas à tarde. No boletim de voto pode ler-se Eligio in Summum Pontificem (Eu elejo como sumo pontífice...) e cada cardeal escreve o nome do seu eleito.

Depois de recolhidos todos os votos, estes são contados e os nomes dos cardeais que receberam votos ditos em voz alta. Após cada votação, os boletins de voto são destruídos numa pequena fornalha colocada na Capela Cistina. O fumo que resultar da queima sai por uma chaminé que mostrará ao mundo se a Igreja Católica tem ou não um novo Papa. Se for branco, o sucessor de Bento XVI foi encontrado, se for negro não foram reunidos os dois terços de votos necessários (77 votos) para que se confirme que um cardeal foi eleito.

Em 2005, na primeira votação do conclave que elegeu Bento XVI, o fumo só foi visível pelas 19h.

Até que seja eleito o Papa, os cardeais vão comer e dormir numa zona chamada Domus Sanctae Marthae, junto à Basílica de S. Pedro. Durante todo o processo, é vedado aos cardeais o contacto com o exterior. Só poderão ter acesso a assistência médica. À zona que envolve a sala onde decorre o conclave só podem aceder padres para as confissões e pessoal de manutenção e limpeza. Todas estas pessoas estão obrigadas a uma cláusula de segredo absoluto.

Na Praça de São Pedro, milhares de fiéis debaixo de chapéus de chuva mantiveram o olhar na chaminé da Capela Sistina desde o início do conclave. Omar Lossard, um argentino de 56 anos, esteve entre as pessoas que encheram a praça. “Não haverá fumo branco esta noite, isso é certo, é demasiado cedo para que os cardeais tenham encontrado o homem do momento”, admitiu em declarações à AFP.

Adriano Stefanelli, um estudante de Teologia brasileiro, de 38 anos, que se juntou à multidão no Vaticano, não tem preferência quanto à nacionalidade do novo Papa. “Um homem forte que ouça e dialogue. É necessária uma Igreja mais aberta”, defendeu à agência. Às características sublinhadas pelo estudante de Teologia, Graziano Toto, un italiano de 68 anos, acrescentou que o próximo Sumo Pontífice tenha o “carisma de João Paulo II e o espírito brilhante de Bento XVI”.

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