Comissão vai investigar se cancro de Chávez foi provocado por "inimigos históricos"

Esta não é a primeira vez que os responsáveis venezuelanos insinuam que o tumor de Hugo Chávez pode ter sido provocado por alguém.

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Chávez morreu aos 58 anos depois de quatro cirurgias ao tumor detectado em Junho de 2011 Luis Acosta/AFP

Apesar de nunca terem sido divulgadas informações concretas sobre o tumor de Hugo Chávez, que morreu na semana passada, o Presidente interino da Venezuela veio agora afirmar que El comandante tinha um cancro que “rompia com toda a normalidade” da doença e que “no momento certo” será dado a conhecer.

Nicolás Maduro, que substituiu Hugo Chávez no poder e é candidato à sucessão do antigo Presidente nas eleições de 14 de Abril, acrescentou que o Governo está a trabalhar para confirmar se a doença não terá sido provocada por alguém.

“Ele tinha uma doença, um cancro, que, no momento certo, será explicado e que rompia com toda a normalidade da doença”, sustentou Maduro numa entrevista ao canal Telesur, com sede em Caracas, adiantando que foi criada uma comissão para analisar a questão. Até agora, a única coisa que se sabia da doença de Chávez, que se submeteu a cirurgias e tratamentos em Cuba, era que o tumor se situaria na zona pélvica.

“Ele (Hugo Chávez) teve essa intuição desde o início”, insistiu nesta segunda-feira Nicolás Maduro ao abordar o cancro detectado a Hugo Chávez em Junho de 2011 e do qual nunca nenhum detalhe foi revelado a não ser que tinha o tamanho de uma bola de beisebol localizado na zona pélvica. Chávez foi operado quatro vezes, sempre em Cuba.

O Presidente interino já tinha dito, horas antes da morte de Hugo Chávez, que o Governo tinha provas de que a doença não terá sido natural, mas sim provocada pelos “inimigos históricos” do Presidente, apelando na altura ao povo que rezasse pela saúde do seu líder. “Já temos pistas sobre a doença do Presidente. Foi provocada pelos inimigos da Revolução Bolivariana”, disse na altura o número dois da Venezuela, quando preparava o país para o agravamento do estado de saúde do Presidente.

Também o Presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad, numa carta de condolências pela morte de Hugo Chávez, afirmou que o seu homólogo venezuelano morreu com “uma doença suspeita”.

Esta não foi, contudo, a primeira vez que os responsáveis políticos da Venezuela apresentaram uma tese de conspiração para justificar o cancro diagnosticado a Chávez. Em Dezembro de 2011, apenas meio ano depois da confirmação do tumor, o Presidente tinha manifestado estranheza por tantos líderes de países da América do Sul de esquerda terem tido problemas de saúde graves num curto espaço de tempo. Aludia na altura às doenças presidentes do Paraguai, Argentina e Brasil e da então candidata a Presidente do Brasil, Dilma Roussef.

Durante uma saudação aos soldados das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas, o líder venezuelano evocou a possibilidade de os Estados Unidos ou outra potência mundial terem desenvolvido uma tecnologia para induzir o cancro.

Hugo Chávez, que morreu aos 58 anos depois de governar o país desde 1999, foi “ameaçado muitas vezes” de morte, acrescentou. Nicolás Maduro recordou que na década de 1940 os Estados Unidos “tinham laboratórios em que se testava como provocar cancro”. E questionou se passados 70 anos a técnica não teria avançado. No entanto, afirmou: “Não estou a acusar os Estados Unidos disto neste momento.”
 
 
 
 

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