Comer pasta all'amatriciana para ajudar as vítimas do sismo em Itália

A ideia partiu do designer Paolo Campana e já conta com a participação de 700 restaurantes que querem ajudar as vítimas do sismo.

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A cidade deu o nome a um famoso molho para pasta Ciro de Luca/Reuters

Um prato de pasta para ajudar os sobreviventes do sismo que atingiu esta quarta-feira o centro de Itália: mais 700 restaurantes já adoptaram a ideia, uma iniciativa solidária entre muitas outras.

O seu autor, Paolo Campana, um designer de Roma que ia todos os anos, a 31 de Dezembro, a Amatrice, uma das cidades da montanha arrasada pelo sismo. Aí, sentava-se à mesa com os seus amigos no Hotel di Roma para saborear a pasta all’amatriciana, uma especialidade nascida naquela cidade. Hoje, o hotel é um monte de ruínas.

Paolo Campana lançou um apelo a todos os restaurantes italianos: acrescentar aos seus menus uma receita de pasta all'amatriciana a um preço livre, do qual dois euros revertem para a Cruz Vermelha italiana.

A esta iniciativa já aderiram cerca de 700 restaurantes por toda a Itália e também no estrangeiro. O chef britânico Jamie Oliver aceitou esta ideia, convidando os seus clientes a “comer pela Itália”. Uma cadeia de restaurantes britânicos seguiu o exemplo e dois restaurantes em Nova Iorque e um em Espanha disseram que iam fazer o mesmo.

“Alguns deles nunca cozinharam o molho, mas aderiram”, disse Campana à AFP. O 50.º festival deste prato típico teria lugar este fim-de-semana na cidade agora destruída.

Uma ideia que a rede internacional Slow Food também acolheu. O seu director, Carlo Petrini, convidou os donos dos restaurantes a “colocar no menu o prato emblemático da cidade afectada, pelo menos durante um ano, e de doar parte das receitas. Pedimos também aos clientes que escolham este prato”, declarou em comunicado.

Iniciativas de solidariedade

Em dois dias, as acções de solidariedade como esta propagaram-se pelos quatro cantos da península italiana e pelas redes sociais. Os centros de sangue têm estado sempre cheios.

Uma empresa de cruzeiros italiana enviou 150 colchões para a zona destruída pelo terramoto. E várias associações, como a Cruz Vermelha e a Cáritas, abriram centros de recolha de bens de primeira necessidade, com um fluxo contínuo de alimentos, de água e de brinquedos para as crianças a chegar.

Um grupo imobiliário italiano ofereceu-se para colocar à disposição dos desalojados “30 mil casas desocupadas num raio de 20 a 30 quilómetros do epicentro".

O mundo do futebol italiano também apoiou as vítimas. O presidente do Nápoles, Aurelio De Laurentis, anunciou que uma parte da receita do jogo entre a sua equipa e o AC Milan seria para as vítimas do sismo. Sami Khedira, o médio alemão da Juventus, assegurou que ia doar 20 mil euros e que iria colocar em leilão uma das suas camisolas assinada. O seu colega de equipa, Paulo Dybala, vai leiloar a camisola que usar em Roma, durante o jogo de sábado contra a Lazio. Maurizio Zamparini, presidente do Palermo, convidou todos os adeptos do clube siciliano a encherem o estádio Renzo Barbera no jogo contra o Nápoles, na próxima semana. A totalidade das receitas será para ajudar as vítimas.

A iniciativa mais insólita: uma petição lançada na plataforma Change.org sugere que o prémio do Superlotto, a decorrer, no valor de 128,8 milhões de euros, reverta para as pessoas afectadas – reuniu mais de quatro mil assinaturas.

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