Comboio que descarrilou em Filadélfia viajava ao dobro da velocidade permitida

O número de vítimas mortais já subiu para sete e contam-se mais de 200 feridos.

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O comboio seguia a 171 km/h numa zona em que o limite era 80 km/h JEWEL SAMAD/AFP

Prosseguem as investigações às causas do despiste do comboio de passageiros que descarrilou em Filadélfia, nos Estados Unidos, na quarta-feira (21h30 de terça, hora local). As autoridades norte-americanas revelaram que o comboio descarrilou quando seguia a mais de 160 km/h, numa curva onde o limite de velocidade era de 80 km/h.

“É necessário um tempo prolongado para desacelerar um comboio”, explicou aos jornalistas Robert Sumwalt, membro da Direcção Nacional de Segurança e Transportes, citado pelo Washington Post. Segundo as informações reveladas pelas autoridades norte-americanas que estão a investigar o caso, o comboio seguia a 171 km/h quando entrou numa curva onde o limite de velocidade era de 80 km/h. O condutor ter-se-á apercebido que viajava demasiado depressa e accionou os travões de emergência, desacelerando o comboio até aos 164 km/h, velocidade a que se veio registar o descarrilamento, no bairro de Port Richmond, perto do rio Delaware.

Sumwalt revelou ainda que os investigadores se vão manter no local do acidente durante aproximadamente uma semana, uma vez que, para além dos trabalhos de limpeza dos destroços, será necessário analisar o estado dos carris e inquirir o maquinista, o que só acontecerá dois dias após o acidente. A “caixa negra” e as câmaras do comboio também serão examinadas ao pormenor, de forma a descobrir as causas que terão levado ao descarrilamento do comboio nº 188 da Amtrak, com 243 pessoas a bordo, e que resultou na morte de sete pessoas e no ferimento de mais de duzentas, cinco delas em estado crítico.

O trajecto ferroviário, no Nordeste norte-americano, que faz a ligação entre Washington D.C. e Nova Iorque, é mesmo o mais frequentado dos Estados Unidos, contando com cerca de 12 milhões de passageiros por ano.

 “106 milhas por hora [171 km/h] numa zona de 50 [80km/h]… é simplesmente absurdo”, desabafou o mayor de Filadélfia, Michael Nutter, citado pela agência Reuters, revelando ainda às televisões que estão a cobrir o acidente, no local, que recebeu uma chamada do Presidente Barack Obama, que se mostrou muito “preocupado” e “interessado em todos os pormenores” do descarrilamento.

Obama reagiu mesmo à catástrofe através de um comunicado, divulgado pela Casa Branca esta quarta-feira, mostrando-se “chocado e profundamente triste” com o despiste do comboio, garantindo que os “pensamentos e orações” dos americanos estão centrados nas “famílias e amigos” dos que perderam a vida no acidente.

Tecnologia poderia ter evitado o acidente
A maioria dos carris da Amtrak estão equipados com a tecnologia Positive Train Control (PTC), que “abranda automaticamente ou imobiliza” os comboios que se deslocam a uma velocidade superior à aconselhada, em “zonas de perigo”. Sumwalt revelou que, infelizmente, “tal sistema não estava instalado na secção do trilho” onde o acidente ocorreu. A sua instalação estava prevista “até ao final do ano”.

Confirmando-se a eventualidade de este acidente poder ter sido evitado, caso a tecnologia PTC estivesse instalada, certamente aquecerá o debate nos Estados Unidos sobre o financiamento dos transportes, matéria que está precisamente em discussão legislativa esta quinta-feira. Os democratas propuseram recentemente uma emenda que pressupunha o investimento de 825 milhões de dólares em tecnologias relacionadas com a PTC, bloqueada pela maioria republicana no Congresso norte-americano.

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