Combates intensos próximos de Alepo fazem pelo menos 70 mortos

Rebeldes conquistam localidade estratégica às forças de Assad. Responsável da ONU quer inquérito a ataque contra campo de refugiados.

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A cidade de Alepo tem sido palco dos confrontos mais intensos do último ano KARAM AL-MASRI/AFP

Pelo menos 70 pessoas morreram perto de Alepo na sequência de intensos combates entre as forças do regime sírio e grupos rebeldes, indicou esta sexta-feira o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

De acordo com esta ONG, a Frente al Nusra e os seus aliados islamistas precisaram de menos de 24 horas para conseguir tomar Khan Touman – uma localidade estratégica a uma dezena de quilómetros a sudoeste de Alepo, próxima da auto-estrada que liga aquela cidade a Damasco –, bem como outras povoações próximas.

Os confrontos foram violentos. “Pelo menos 43 combatentes da al Nusra e os seus aliados, incluindo um comandante local, e 30 do lado do regime e das milícias aliadas, morreram nesta batalha”, indicou o Observatório, que dispõe de uma larga rede de fontes em todas as zonas em conflito na Síria.

Em Dezembro, as tropas leais ao Presidente Bashar al Assad conseguiram retirar Khan Toumane aos opositores. “A retomada da localidade e das vilas à volta significa que as linhas de defesa do regime a sul da segunda cidade do país recuaram”, explica à AFP Rami Abdel Rahmane, director do OSDH.

Desde 2011 que a guerra na Síria já fez mais de 270 mil mortos. Os confrontos em Alepo, no início da semana, foram os mais intensos do último ano, com os rebeldes a avançar pelas áreas ocidentais controladas pelo Governo na terça-feira, para serem repelidas no dia seguinte, adianta o Observatório.

Os Estados Unidos e a Rússia chegaram a acordo para que o cessar-fogo que está em vigor em algumas regiões do país (e que não inclui a Frente al Nusra nem o autoproclamado Estado Islâmico) fosse estendido a Alepo. Na quinta-feira, os rebeldes e os militares começaram a cumprir uma trégua de 48 horas, e apesar de alguns lançamentos de rockets, os ataques aéreos mais intensos foram suspensos.

A tomada de Khan Touman ocorreu algumas horas depois de um ataque aéreo contra um campo de refugiados na província de Idlib, no Norte da Síria, que matou pelo menos 28 pessoas, incluindo mulheres e crianças, e feriu outras 50.

Para Stephen O'Brien, responsável pelas Questões Humanitárias da ONU, este deve ser considerado um crime de guerra, comentou à BBC. O'Brien pediu um inquérito ao ataque a Kamouna, que fica numa área controlada pelos rebeldes, e que segundo algumas indicações ainda não confirmadas terá sido lançado por aviões sírios ou russos.

“A suspeita começa por recair sobre o Governo sírio e nós queremos ter a certeza que eles, ou quem quer que seja, serão totalmente responsabilizados por este acto absolutamente abominável”, afirmou O’Brien. “Que não haja quaisquer dúvidas: todos estes actos terríveis, onde quer que aconteçam ou quem quer que os cometa, não serão esquecidos e as pessoas que os cometeram irão responder por eles”.

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