Com referendo da Escócia no "fio da navalha", campanhas mobilizam-se para convencer indecisos

Alex Salmond diz que se o "sim" não vencer será preciso esperar por outra geração para voltar a discutir a independência.

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A média das últimas sondagens indica que a diferença entre o sim e o não é de apenas dois pontos percentuais Cathal McNaughton/Reuters

Milhares de voluntários, dos dois lados da barricada, saíram à rua armados de bandeiras e panfletos para o último fim-de-semana de campanha antes do referendo à independência da Escócia. Um frenesim alimentado pelas sondagens que, uma após a outra, mostram que esta será uma votação decidida no “fio da navalha”.

Tanto nacionalistas como os que defendem que a Escócia deve continuar a fazer parte do Reino Unido repetem à exaustão os seus argumentos nas televisões, nos comícios e em artigos de jornais, bombardeando aqueles que ainda não decidiram como vão votar na quinta-feira – ninguém sabe exactamente quantos, mas que a campanha pelo “não” admite rondar os 500 mil eleitores. “A nossa atitude é que não há votos ‘não’ na Escócia, apenas ‘sins’ adiados”, disse o primeiro-ministro escocês, Alex Salmond, numa entrevista à BBC em que se mostrou confiante que o “sim” vai vencer “com uma maioria substancial”.

Uma confiança que o levou a convidar o líder da campanha pelo “não”, o antigo ministro das Finanças britânico Alistair Darling, e os outros dirigentes escoceses que agora se mobilizam contra a independência a juntarem-se à “Team Scotland” para, no dia seguinte à votação, iniciarem as negociações com Londres sobre a cisão.

Entrevistado no mesmo programa, Darling acusou o adversário de “dar um salto prematuro para a vitória” e voltou a insistir nos riscos do que diz ser um salto no escuro. “Se votarmos pela saída do Reino Unido não há volta-atrás. Esta não é uma eleição em que podemos mudar de opinião se as coisas não correrem bem”, afirmou, alertando que, além de todas as outras incertezas, “há um milhão de empregos na Escócia que dependem da sua manutenção na união”.  

Questionado sobre se, no eventual cenário de derrota, vai continuar a insistir na independência, Salmond deu a entender que não o fará, lembrando que, depois de em 1979 os escoceses terem rejeitado em referendo a criação de um governo autónomo, foi preciso esperar 18 anos para a organização de outra consulta, que acabaria por aprovar a transferência de poderes. “Em minha opinião, esta é a oportunidade de uma geração”, afirmou.

A quatro dias do referendo, três sondagens divulgadas pela imprensa colocam o “não” à frente das intenções de voto, com vantagens de dois a oito pontos percentuais quando são excluídos os indecisos. Mas uma outra, encomendada pelos nacionalistas, coloca a “sim” à frente.

A última sondagem das sondagens, que agrega seis inquéritos realizados entre os dias 9 e 12, indica que, na soma, a diferença que separa os dois campos é de apenas dois pontos percentuais, com o “não” em vantagem. A votação “está no fio da navalha”, admitiu à BBC o director da campanha contra a independência, adiantando que todos os voluntários foram mobilizados neste fim-de-semana para ir de porta em porta convencer os indecisos.

Os apoiantes do “sim” estiveram também nas ruas – em Edimburgo milhares concentraram-se neste domingo numa manifestação de apoio à independência; em Glasgow centenas protestaram junto aos estúdios da BBC contra o que dizem ser a parcialidade da estação britânica na cobertura do referendo.

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