Ciclone tropical Pam deixa rasto de destruição em Vanuatu

Agências da ONU falam em dezenas de mortos e descrevem o desastre com um dos piores na história do Pacífico.

Fotogaleria
O ciclone atingiu a principal ilha do arquipélago, Port Vila REUTERS/UNICEF
Fotogaleria
REUTERS/UNICEF
Fotogaleria
REUTERS/UNICEF
Fotogaleria
REUTERS/UNICEF
Fotogaleria
REUTERS/UNICEF

Com ventos superiores a 340 quilómetros por hora e chuva torrencial, o ciclone tropical Pam atingiu o arquipélago de Vanuatu, no Pacífico Sul, deixando um cenário de devastação: os habitantes ficaram sem água, electricidade e com a ameaça de em breve ficarem sem o que beber ou comer. A ONU está a preparar uma missão de socorro.

“Vimos mortos mas o número pode ser muito maior, não sabemos ainda a amplitude do desastre”, disse à AFP Sune Gudnitz, chefe do gabinete das Nações Unidas para a coordenação dos assuntos humanitários no Pacífico. Até ao momento, estão confirmados oito mortos, de acordo com os relatos que chegaram ao cair da noite de sábado (hora local). Espera-se agora a chegada de equipas socorro e salvamento vindas da Austrália e Nova Zelândia. Estes serão os primeiros apoios internacionais a chegarem ao local. 

A contagem oficial de mortos deve chegar às dezenas. De acordo com as Nações Unidas, 44 pessoas terão morrido em apenas uma das províncias de Vanuatu, mas o corte das comunicações depois da passagem da tempestade dificulta a tarefa de confirmação de informações. O Presidente de Vanuatu, Baldwin Lonsdale, que se encontra no Japão para participar numa conferência sobre desastres e emergências, lançou um apelo de ajuda internacional. "Falo-vos com o coração pesado. Em nome do Governo peço ajuda", afirmou.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que participava na mesma conferência no Japão já veio a público dizer que receia uma destruição generalizada de Vanuatu, um arquipélago com cerca de 80 pequenas ilhas, localizado entre as Fiji e a Nova Caledónia e que é um dos países mais pobres do mundo. É um país com estruturas muito frágeis e marcado pelo relativo isolamento geográfico e por uma forte vulnerabilidade às catástrofes naturais.

À medida que a organização tenta confirmar os relatos de mortes no arquipélago, o gabinete de coordenação dos assuntos humanitários está a preparar uma ampla operação de apoio.

"Parecia que o mundo ia acabar", disse à Reuters Alice Clements, porta-voz da UNICEF em Vanuatu. "Foi como se tivesse rebentado uma bomba no centro da cidade. Não há electricidade. Não há água canalizada."

A ministra dos Negócios Estrangeiros australiana, Julie Bishop, anunciou que o seu Governo está pronto para disponibilizar toda a ajuda necessária. Da parte da Nova-Zelândia, o Executivo já anunciou uma ajuda inicial no valor de um milhão de dólares (cerca de 945 mil euros). Há também um avião da força aérea neozelandesa a sobrevoar o arquipélago para avaliar os estragos causados pelo ciclone. 

Citado pela BBC, Tom Skirrow, da organização Save the Children, disse que em Port Vila, capital do arquipélago, há várias casas completamente destruídas e que há pessoas a vaguear pelas ruas em busca de ajuda. As estradas estão bloqueadas com telhados, árvores  e linhas eléctricas que não resistiram à força do vento e da chuva.

"Vai ser necessária uma ajuda longa e sustentada. Os habitantes de Vanuatu praticam uma agricultura de subsistência. Cultivam os alimentos que eles próprios consomem. Mas colheitas foram completamente destruídas", afirmou Chloe Morrison, porta-voz da organização não governamental World Vision, que também disse que o ciclone foi assustador, comparável até ao furacão Haiyan, que arrasou parte das Filipinas em 2013. "Há árvores a cortar as estradas, algumas empilhadas em cimas das outras tão alto que nem se vê do outro lado", contou.

A porta voz da UNICEF, que se encontrava num hotel em Port Vila no momento em que o ciclone atingiu a região, descreveu o momento como “15-30 minutos de terror absoluto”. Os relatos dão ainda conta de inundações, derrocadas e deslizamento de terras. Na região sul do arquipélago, os habitantes têm recorrido a "estratégias tradicionais" para lidarem com o desastre, deslocando-se para cavernas e construindo abrigos improvisados, afirmou à AFP Aurelia Balpe, a chefe da Cruz Vermelha no Pacífico. 

Localizada entre a Austrália e Hawai, o arquipélago de Vanuatu (uma antiga colónia administrada juntamente pela França e pelo Reino Unido) tem uma população de 276 mil pessoas, espalhadas por 65 ilhas. Quase 50 mil vivem na capital, Port Vila.

As autoridades locais acreditam que o Pam – um ciclone tropical de categoria 5, a mais elevada - pode vir a ser a tempestade mais devastadora a passar pela remota nação desde 1987.

Sugerir correcção
Comentar