Chuvadas em Angola matam pelo menos 69 pessoas, 36 delas crianças

“É uma paisagem de desolação, há lama e lixo por toda a parte”, disse uma testemunha da tragédia do Lobito.

Fotogaleria
A zona do Lobito foi particularmente afectada LAZARO KAFILE/AFP
Fotogaleria
A busca de corpos, limpeza de valas e remoção de lama prosseguem LAZARO KAFILE/AFP

Chuvas torrenciais que caíram no Lobito, em Angola, causaram a morte de pelo menos 69 pessoas, entre as quais 36 crianças, segundo o balanço, ainda provisório, feito nesta sexta-feira.

O temporal da madrugada de quinta-feira fez desabar 119 casas, deixou 46 sem cobertura, inundou oito escolas e destruiu uma igreja na cidade costeira da província de Benguela, 500 quilómetros a Sul de Luanda.

Foram arrastadas pessoas que viviam em habitações situadas em zonas de risco, sobretudo em linhas de água, segundo a agência noticiosa angolana Angop. Em algumas zonas, a água chegou a atingir os três metros de altura. O trabalho de busca de corpos, limpeza de valas e remoção de lama de escolas, postos médicos e igrejas prossegue.

Os dados oficiais, noticiados pela Angop, foram divulgados pelo secretário de Estado para a Protecção Civil e Bombeiros, Eugénio Laborinho, após uma reunião com a comissão provincial de protecção civil.

Um responsável dos bombeiros que pediu o anonimato disse à AFP que “as chuvas correram ladeira abaixo a grande velocidade, levando tudo à frente e inundando bairros da parte baixa da cidade ao nível do mar”, disse. A topografia da cidade, a concentração populacional e a urbanização caótica em zonas de risco terão agravado a dimensão do desastre.

A destruição foi maior em casas improvisadas de bairros periféricos da cidade de cerca de 800 mil habitantes, à beira do Atlântico. “É uma paisagem de desolação, há lama e lixo por toda a parte”, disse Paulo, identificada pela agência francesa como trabalhador no Lobito.  

O secretário de Estado considera necessário pôr fim à construção em áreas de risco, sobretudo nas encostas de montanhas e defendeu medidas de sensibilização para evitar “o depósito de resíduos sólidos nas valas de drenagem e lixo nas linhas de água”.

José Patrocínio, responsável da organização não-governamental Omunga ouvido pela agência francesa, chamou a atenção para a necessidade de “tratar dos sobreviventes, dos que perderam tudo, criando alojamentos de urgência, fornecendo refeições e assegurando cuidados médicos e psicológicos”.

O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, solidarizou-se com as vítimas e numa nota da sua Casa Civil recomenda a criação de condições para apoio às famílias desalojadas e afectadas pelos efeitos temporal.


 

 

 


Sugerir correcção
Ler 1 comentários