China condena a prisão perpétua um académico da etnia uigur

Ilham Tohti criou uma página na Internet onde promovia o diálogo entre as comunidades, mas também o direito dos uigures à sua religião e língua.

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Ilham Tohti era considerado um moderado nas críticas a Pequim Reuters

Foi condenado a prisão perpétua o académico da minoria uigur acusado de promover o separatismo da província de Xinjiang e de recrutar pessoas para um "grupo criminoso". Ilham Tohti, de 41 anos, protestou ao ouvir a sentença e foi retirado da sala do tribunal.

Ilham Tohti, que era professor de Teoria Económica na Universidade das Minorias em Pequim, criara uma página na Internet - entretanto encerrada pelas autoridades - onde promovia o diálogo entre as comunidades. Os uigures são muçulmanos e falam uma língua de origem turca. Acusam o Governo de Pequim de perseguição ao não permitirem que pratiquem a sua religião ou falem a sua língua.

Em Xinjiang há um movimento separatista e de luta armada, que nos últimos três anos intensificou os atentados. O mais mortífero desde ano ocorreu em Maio, em Urumqi, com uma série de explosões num mercado que mataram 31 pesoas. Mas já chegaram a Pequim, com um atentado na Praça Tiananmen, junto à entrada da Cidade Proibida.

Os uigures acusam ainda o Governo central de estar, há três décadas, a aplicar na província uma política destinada a diluir a etnia, tornando-a minoritaria. São cada vez mais os han (a etnia dominante na China) que vivem em Xinjiang, atraídos por uma série de incentivos.

Na sua página na Internet, chamada Uigur online, o académico defendia o diálogo, mas também o direito dos uigures à sua religião e língua. Segundo a agência noticiosa chinesa Xinhua, foi acusado de estar a organizar um "grupo criminoso" para o qual já recrutara oito pessoas, e de incitamento à violência.

O seu advogado disse que vai recorrer da sentença, mas declarou estar pouco optimista.

Além da prisão perpétua, o tribunal declarou a confiscação de todos os bens de Ilham Tohti e da sua famíla, composta pela mulher e por dois filhos de oito e cinco anos.  As organizações de defesa dos direitos humanos criticaram a decisão do tribunal. “Ilham limitou-se a exercer o seu direito à liberdade de expressão e não deveria sequer ter sido preso", disse a directora internacional do Chinese Human Rights Defenders, Renee Xia, em comunicado.
 

  



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