Chávez sofreu "complicações" após "grave infecção pulmonar"

Presidente permanece internado em Cuba. Governo fala em “manipulações da oposição” e em “guerra psicológica mediática” para desestabilizar a Venezuela.

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O Governo tem procurado contrariar o que classifica como especulações sobre a saúde do Presidente Jorge Silva/Reuters

O Presidente venezuelano, Hugo Chávez, sofreu "complicações" após uma "grave infecção pulmonar" desenvolvida na sequência da operação ao cancro a que foi submetido a 11 de Dezembro, em Havana, anunciou quinta-feira à noite o Governo de Caracas.

"Após a delicada operação de 11 de Dezembro, o comandante Chávez sofreu complicações depois de uma grave infecção pulmonar. Essa infecção provocou uma insuficiência respiratória", indica um comunicado lido pelo ministro da Informação, Ernesto Villegas. Anteriormente o Governo falara apenas em "infecção respiratória".

Chávez, 58 anos, vencedor das eleições de Outubro do ano passado, tem a tomada de posse para um quarto mandato marcada para o próximo dia 10, mas não voltou a ser visto depois da quarta operação em 18 meses a um cancro na zona pélvica.

O Governo tem procurado contrariar o que classifica como especulações sobre a saúde do Presidente, que se multiplicaram depois de o vice-Presidente,  Nicolás Maduro, ter anunciado no domingo um agravamento do seu estado. Na quinta-feira, o Executivo denunciou "manipulações da oposição" e "guerra psicológica mediática", que diz pretender "desestabilizar" o país.

As duas principais figuras do regime a seguir a Chávez – Nicolás Maduro e o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello – reapareceram ontem em Caracas depois de terem visitado o Presidente. Ambos anunciaram que estiveram em Cuba "nas últimas horas" para uma reunião de um "grupo de trabalho".

Em declarações à televisão oficial VTV, Maduro acusou a oposição de tentar minar a confiança da população, divulgando "mentiras e manipulações". "Sabemos que estas manipulações são efectuadas a partir dos Estados Unidos [...] Eles pensam que chegou a sua hora e que vamos entrar num período louco de ofensiva da direita, aqui e a nível internacional", disse o vice-Presidente, sem precisar se se referia ao Governo dos Estados Unidos ou a oposicionistas venezuelanos na América do Norte.

Pouco depois, o ministro Ernesto Villegas leu o comunicado em que o Governo "alerta o povo venezuelano para a guerra psicológica que a rede mediática internacional accionou sobre a saúde do chefe de Estado, com o objectivo último de desestabilizar" a Venezuela.

Em Washington, a  porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland, afastou a ideia de qualquer conspiração do Ocidente contra a Venezuela e assegurou que não há qualquer "solução fabricada nos Estados Unidos" para o país.

Nicolás Maduro e Diosdado Cabello já referiram a possibilidade do adiamento da tomada de posse de Chávez, mas a generalidade da oposição tem reclamado que a Constituição seja respeitada e que a data se mantenha. A Lei Fundamental prevê que, em caso de incapacidade comprovada do Presidente eleito, o cargo seja assumido pelo presidente da Assembleia e sejam convocadas eleições antecipadas no prazo de 30 dias.

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