Milhares de migrantes resgatados no Mediterrâneo este fim-de-semana

Foram salvas 3644 pessoas que partiram em frágeis embarcações das costas da Líbia. As autoridades levaram-nas para a ilha de Lampedusa.

Desde o início do ano morreram cerca de 1750 pessoas Guarda Costeira italiana

A Guarda Costeira italiana resgatou quase 3700 migrantes ao largo da costa da Líbia só este fim-de-semana, em 17 operações distintas em conjunto com navios franceses.

No sábado foram resgatadas 3427 pessoas, que seguiam no Mediterrâneo em várias embarcações, de madeira ou insufláveis, e que tinham como objectivo chegar a território europeu. Na madrugada de domingo as autoridades francesas recolheram outras 217 pessoas numa única embarcação, e detiveram dois dos traficantes que seguiam a bordo.

Ainda é cedo para se conhecerem as nacionalidades de todas as pessoas que partiram das costas da Líbia e que foram resgatadas este fim-de-semana, mas é certo que todas foram levadas para o centro de acolhimento de Lampedusa – uma pequena ilha italiana aproximadamente à mesma distância da Líbia, de Malta e da Sicília.

O total de pessoas resgatadas no sábado não é o mais elevado de sempre no Mediterrâneo – no dia 11 de Abril, a Guarda Costeira italiana retirou das frágeis embarcações 3791 migrantes, e no dia seguinte mais 2850.

Durante o mês de Abril terão morrido mais de 1200 pessoas na travessia do Mediterrâneo, em quatro naufrágios.

O mais grave ocorreu no dia 19 de Abril, quando um barco com mais de 800 pessoas a bordo se virou durante a tentativa de resgate por um navio mercante com bandeira portuguesa – foram recuperados apenas 27 corpos.

Uma semana antes, no dia 13, mais de 400 pessoas morreram afogadas no naufrágio de uma outra embarcação, que transportava cerca de 550 – 145 pessoas foram salvas e apenas nove corpos foram recuperados.

Outros dois naufrágios, nos dias 16 e 20 de Abril, fizeram mais de 30 mortos, com cerca de 100 pessoas a conseguirem salvar-se.

O número de migrantes mortos em naufrágios no Mediterrâneo desde Janeiro ronda os 1750, um aumento de quase 20 vezes em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registadas 96 mortes.

Poucos dias depois do naufrágio que provocou cerca de 800 mortos, os líderes da União Europeia decidiram triplicar o orçamento para as operações da agência europeia Frontex, e ameaçaram destruir os barcos dos traficantes em ataques militares. Organizações como a Agência das Nações Unidas para os Refugiados consideram que as medidas anunciadas pela União Europeia ficam aquém do que é necessário para enfrentar o problema.

A Itália pôs fim ao seu programa de resgate Mare Nostrum, que funcionou durante um ano mas que foi cancelado por questões financeiras – o Governo do país disse que os custos eram insustentáveis sem a colaboração dos restantes parceiros europeus.

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