Centenas de pessoas desaparecidas após naufrágio na Birmânia

Envolvidos são muçulmanos Rohingya, uma das minorias mais perseguidas do mundo. Várias famílias alojadas em campos de refugiados, na sequência de confrontos étnicos com maioria budista, estavam a ser transportadas para escaparem ao ciclone Mahasen.

Foto
Mais de 100 mil deslocados internos, da minoria Rohingya, podem ter de ser mudados de sítio por causa do tufão que se aproxima Soe Zeya Tun/REUTERS

Um número indeterminado de pessoas ainda estão dadas como desaparecidas após o naufrágio de uma embarcação com mais de 200 passageiros, que estavam a ser transportados no cumprimento de uma ordem de evacuação urgente de um campo de refugiados muçulmanos do povo Rohingya, na costa Oeste da Birmânia.

O acidente aconteceu durante a noite de segunda-feira, depois de as autoridades terem começado a esvaziar os campos de refugiados da província de Rakhine perante a aproximação do ciclone Mahasen. A maior parte destes acampamentos, que foram montados para acolher o povo Rohingya na sequência de violentos confrontos étnicos com a maioria budista no passado, situa-se em zonas costeiras que, de acordo com as previsões, corriam sérios riscos devido à tempestade.

Segundo descreve a BBC, foi um barco rebocador, que conduzia duas embarcações mais pequenas sem motor, que afundou primeiro – aparentemente depois de chocar contra uma formação rochosa ao largo da localidade de Pauktaw.

“Os barcos partiram com autorização das autoridades marítimas”, disse a directora do Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas, Barbara Manzi, acrescentando que as operações de busca e salvamento estão ainda em curso e várias famílias permanecem desaparecidas.

Os muçulmanos Rohingya são um povo apátrida e não são reconhecidos como cidadãos pela Birmânia. A Organização das Nações Unidas descreve-os como uma das minorias étnicas mais perseguidas em todo o mundo.

No campo de Nget Chaung, próximo de Pauktaw, viviam cerca de 8000 Rohingya, que foram obrigados a abandonar a capital da província de Rakhine (de maioria budista) devido a uma série de motins no Verão do ano passado. Estima-se que 130 mil membros da comunidade Rohingya estejam a viver em campos de refugiados na Birmânia. Os budistas exigem a sua expulsão do país sob o argumento de que são imigrantes ilegais, mas nenhum outro país aceita recebê-los.

Os serviços de protecção civil da Birmânia ordenaram a evacuação de várias localidades na rota do ciclone Mahasen, uma poderosa tempestade que atingiu o Sri Lanka e está a ganhar força no movimento para o vizinho Bangladesh. As projecções da NASA colocam o ciclone em território birmanês no final da semana.
 

Sugerir correcção
Comentar