Cem corpos encontrados debaixo da neve numa aldeia no Nepal

Avalanche causada pelo terramoto atingiu uma das aldeias mais procuradas por montanhistas estrangeiros.

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Más condições climáticas têm dificultado acesso de equipas de socorro às zonas montanhosas Reuters

Na aldeia de Langtang, situada 60 km a Norte de Katmandu, foram encontrados cerca de cem cadáveres debaixo da neve trazida por uma avalanche provocada pelo sismo de magnitude 7,8 na escala de Richter que atingiu o Nepal, há mais de uma semana.

Os corpos foram desenterrados durante o fim-de-semana e incluem, pelo menos, sete estrangeiros. As autoridades nepalesas calculam que mais 120 poderão estar ainda soterrados.

O terramoto já provocou a morte de 7300 pessoas e o ferimento de outras 14500, prevendo-se que estes números aumentem nos próximos dias.

Embora se desconheça o número exacto de pessoas que estavam em Langtang, “a polícia e voluntários locais estão a escavar na neve à procura de mais corpos”, informa à agência Reuters, Gautam Rimal, o chefe assistente do distrito onde a aldeia está situada. O mesmo responsável calcula que cerca de 120 corpos poderão estar ainda debaixo da camada de neve.

A região de Langtang, a Norte de Katmandu, é uma das mais procuradas por montanhistas no Nepal e a aldeia com o mesmo nome é conhecida por receber turistas estrangeiros, contando com mais de cinquenta albergues para o efeito. A avalanche no Monte Evereste, desencadeada pelo terramoto que atingiu violentamente o Nepal no dia 25 de Abril, deixou a pequena aldeia de Langtang debaixo de dois metros de neve.

As más condições climáticas têm dificultado o acesso das equipas de socorro do Nepal às zonas montanhosas isoladas, como Langtang. O deslizamento de terras provocado pelo sismo destruiu a maior parte dos acessos rodoviários, deixando esta e outras regiões, a Norte e Oeste de Katmandu, dependentes da ajuda dos meios aéreos. “Não conseguimos chegar mais cedo a esta área devido à chuva e ao tempo nublado” lamenta Uddhav Bhattarai, outro representante do distrito.

Monte Evereste não está fechado
Apesar da morte confirmada de 18 pessoas e do resgate de outras 200 que se encontravam na montanha mais alta do mundo no momento da avalanche, o governo local informou esta segunda-feira que a “montanha não está fechada aos alpinistas”.

Tulsi Prasad Gautam, do departamento de Turismo, confirmou à Reuters que os trilhos até ao pico estão “danificados” e que ainda se sentem “pequenos tremores no Evereste”. Mas afirmou que a decisão de subir ou descer deve ser tomada pelos “alpinistas e organizadores que estão no acampamento-base”, não existindo qualquer proibição expressa de permanência na montanha por parte das autoridades nepalesas, apesar do estado de emergência decretado no país.

O turismo é uma das principais fontes de rendimento do Nepal e um dos factores responsáveis pelo recente crescimento económico do país e poderá explicar a decisão do Governo de não proibir os acessos à cordilheira. O custo de subida ao Evereste é de cerca de dez mil euros por pessoa e para esta temporada registaram-se mais de 350 alpinistas.

Equipas estrangeiras de salvamento estão de saída
O Governo do Nepal veio pedir, esta segunda-feira, às equipas internacionais que estão no terreno à procura de sobreviventes que abandonem o país, uma vez que a esperança de encontrar pessoas com vida, nove dias após o sismo, é cada vez menor.  

Rameshwor Dangal, um responsável do ministério do interior do Nepal, diz que as equipas de resgate estrangeiras “podem sair”, mas acrescenta que, por outro lado, os “especialistas em limpeza de destroços podem ficar”. O director-geral da força de resgate da Índia, O. P. Singh, confirmou a uma televisão do seu país que “a todas as equipas de busca e salvamento foi pedido que regressassem” aos seus países.

As Nações Unidas calculam que oito milhões de pessoas foram afectadas pelo terramoto e que, entre essas, pelo menos dois milhões irão necessitar de tendas, comida, água e medicamentos durante os próximos três meses.

Texto editado por João Manuel Rocha

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