TV pede desculpas por rubrica de maquilhagem para mulheres agredidas

Em Marrocos, a polémica estalou nas redes sociais por causa da rubrica de um programa matinal exibida na véspera do Dia Internacional de Eliminação da Violência contra as Mulheres.

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A rubrica ensinava as vítimas a maquilharem-se para cobrir as nódoas negras pp paulo pimenta

Um canal de televisão marroquino pediu desculpas esta quinta-feira depois da divulgação “inapropriada” de uma rubrica sobre maquilhagem para esconder contusões de mulheres agredidas, uma questão que tem sido fortemente criticada nas redes sociais.

No Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, a emissão matinal do programa Sabahiyate, difundido pelo canal 2M, quis “mostrar o tipo de maquilhagem a usar por uma mulher agredida”. Na rubrica via-se o rosto falsamente inchado de uma mulher sentada num cadeirão, mas a apresentadora avisou que não eram lesões reais, apenas “efeitos cinematográficos”.

“O verde é usado com a ajuda de um pincel para camuflar os hematomas”, seguido de “um corrector laranja e uma base amarelada para cobrir o olho roxo”, explicava a apresentadora, dizendo esperar ter dado “soluções às mulheres que precisam desses conselho, para que elas possam continuar a viver e voltar ao trabalho”.

A rubrica foi para o ar na quarta-feira de manhã e passou quase despercebid. Mas continuava na página do canal na Internet nesta quinta-feira, onde foi visto pelos internautas, suscitando uma avalanche de comentários críticos nas redes sociais, até que foi retirado do site.

“A 2M decidiu celebrar o Dia Internacional da Eliminação da Violência contra as Mulheres com dicas de maquilhagem anti-golpes!”, escreveu um internauta. “Meninas e senhoras, o canal 2M propõe-vos as soluções para tirar o azul das vossas caras se foram alvo da ira dos vossos maridos, pais ou irmãos”, escreveu outro. “Olhos roxos, nódoas negras, não são graves! A maquilhagem da 2M é milagrosa”, ironiza um terceiro.

Num comunicado divulgado quinta-feira, a direcção da 2M considerou a rubrica “completamente inapropriada” e apresentou as suas “desculpas sinceras por aquele erro de avaliação (…) dada a sensibilidade e a seriedade do assunto”.

Segundo a ONG Human Rights Watch, “os actos brutais cometidos contra as mulheres são moeda corrente” em Marrocos. “Um estudo realizado em 2009-2010 pelo Governo revelou que quase dois terços das mulheres tinha já sofrido maus tratos físicos, psicológicos, sexuais ou económicos” e que 55% das inquiridas relataram ter sido alvo de violência doméstica”.

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