Campanha de Dilma continua a ser investigada pelo Tribunal Eleitoral

Investigação poderá demorar anos e ser contestada no Supremo, mas dá força ao movimento da oposição a favor do impeachment.

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Em causa estão verbas recebidas para a campanha de Dilma e do seu vice, Michel Temer Ueslei Marcelino/Reuters

O organismo que supervisiona as eleições no Brasil decidiu que há indícios suficientes para investigar possíveis irregularidades na campanha que levou à reeleição da Presidente, Dilma Rousseff, no ano passado.

Dos sete ministros do Tribunal Superior Eleitoral, cinco votaram a favor e dois votaram contra, o que faz avançar a investigação sobre se Rousseff e o seu vice-presidente, Michel Temer, abusaram dos seus poderes enquanto titulares de cargos públicos em proveito da campanha eleitoral – em particular, se as suas acções de campanha beneficiaram de fundos recebidos de forma ilegal.

Em último caso, esta investigação do Tribunal Superior Eleitoral poderá anular a vitória de Dilma Rousseff nas eleições presidenciais do ano passado, mas não será nunca um caminho rápido – para além de a própria investigação poder demorar meses ou até anos, o seu resultado é passível de recurso para o Supremo Tribunal.

A Presidente, que esta quarta-feira está em Barreiras para entregar quase três mil casas no âmbito do programa Minha Casa. Minha Vida, voltou a defender a sua eleição e disse que qualquer tentativa de se chegar ao poder sem ser através do voto popular é um "golpe".

"Temos uma democracia. A base é o voto directo nas urnas. Impossível achar que fazemos um serviço para a democracia tentando métodos para encurtar a chegada ao governo. O único método reconhecido [para chegar ao poder] é o voto directo nas urnas", disse Dilma a uma rádio local citada pelo jornal O Globo. "Acho que a nossa democracia é forte o suficiente para impedir que variantes golpistas tenham espaço no cenário político brasileiro", concluiu.

Mas esta decisão do Tribunal Superior Eleitoral é mais um passo nas movimentações da oposição para que a Presidente do Brasil venha a ter de enfrentar um processo de destituição (impeachment) no Congresso.

Apesar das vitórias políticas contra a probreza extrema no Brasil e da evolução económica em geral (nos dois mandatos do antecessor, Lula da Silva, e em parte do primeiro mandato de Dilma), a actual chefe de Estado tem sido muito contestada por causa da degradação dos indicadores económicos e do escândalo de corrupção na Petrobras.

A investigação do Tribunal Superior Eleitoral foi pedida pelo principal partido da oposição, o PSDB, cujo líder, Aécio Neves, perdeu as eleições presidenciais do ano passado por uma curta margem.

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