Boko Haram divulga vídeo de execução com técnicas do Estado Islâmico

Vídeo de alegada execução de dois reféns alimenta receios de que o grupo extremista na Nigéria tenha laços com os jihadistas no Iraque e Síria.

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Uma viatura blindada capturada por soldados chadianos ao Boko Haram Emmanuel Braun/Reuters

O grupo extremista nigeriano Boko Haram divulgou nesta terça-feira na Internet uma gravação em que alega executar dois prisioneiros, utilizando, pela primeira vez, uma técnica de edição e estrutura de vídeo semelhantes às usadas pelos combatentes do autoproclamado Estado Islâmico (EI).

No vídeo, que a Reuters diz ter uma “apresentação gráfica avançada”, os dois prisioneiros aparecem amarrados e, atrás deles, são visíveis vários combatentes mascarados com uma bandeira negra. Um dos combatentes obriga um dos cativos a dirigir-se para a câmara. Este afirma que ele e o outro prisioneiro são espiões com ordens para dar informações sobre o Boko Haram.

O vídeo mostra depois os dois corpos, já decapitados. Esta é a mesma estrutura utilizada pelos jihadistas que proclamaram um califado no Iraque e na Síria.

A aliança entre o grupo extremista Boko Haram e os combatentes do autoproclamado Estado Islâmico já fora sugerida pelo Presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan. Este afirma ainda que os extremistas nigerianos têm também ligação com a Al Qaeda.

O Boko Haram nunca referiu qualquer aliança com os jihadistas do Iraque e Síria, mas existem alguns indícios de aproximação entre os dois grupos.

Os extremistas da Nigéria designam-se como “soldados do califado”, diz Laith Alkhouri, director do gabinete de investigação sobre o Médio Oriente, Norte de África e ameaças jihadistas no grupo Flashpoint Partners. Citado pela Reuters, Alkhori diz também que o próprio grupo de combatentes do autoproclamado Estado Islâmico se refere à sua presença na Nigéria.

Ofensiva contra o Boko Haram
Militares do Chade, Niger e Camarões têm-se queixado de falta de cooperação por parte do Governo nigeriano de modo a organizarem uma ofensiva regional contra o Boko Haram, avança também nesta terça-feira a Reuters.

Na semana passada, militares do Chade destruíram um campo do grupo extremista, na fronteira do país com o Nordeste da Nigéria, expulsando assim os seus combatentes. Mas o exército foi impedido de continuar a perseguição dos fugitivos por solo nigeriano. Não foi a primeira vez que o exército chadiano, considerado um dos mais capazes da região, infligiu uma derrota importante ao Boko Haram.

Estão marcadas eleições legislativas na Nigéria para o dia 28 de Março. O actual Presidente, Goodluck Jonathan, tem estado sob pressão por força dos repetidos atentados do Boko Haram, que já causou mais de 13 mil mortos desde que surgiu no país, em 2009. Esta é uma das razões avançadas para que a Nigéria tenha colocado obstáculos a uma ofensiva conjunta: com os olhos postos nas eleições, Jonathan quer que o exército nigeriano seja capaz de acumular vitórias frente aos extremistas sem precisar do apoio de outros países da região.

Com milhares de militares do Niger e Camarões a bloquerem o acesso aos seus países, a margem de manobra do grupo extremista tem sido limitada. Este parece ser o primeiro grande revés para os fundamentalistas islâmicos. Goodluck Jonathan defende isto mesmo. O Presidente da Nigéria aponta para os recentes ataques suicidas do Boko Haram como prova da crescente instabilidade do grupo.  

 

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