O antigo Presidente norte-americano Bill Clinton surgiu nesta segunda-feira em defesa da sua mulher, Hillary Clinton, cuja candidatura às eleições presidenciais de 2016 está a sofrer com as notícias mais recentes sobre a velha questão do financiamento da fundação da família.

“Penso que não há nada de sinistro em tentar fazer com que pessoas ricas de países comprometidos com as questões do desenvolvimento gastem o seu dinheiro de forma sábia para ajudar as pessoas mais pobres”, disse Bill Clinton numa entrevista ao canal norte-americano NBC no Quénia.

O eventual sucesso da corrida de Hillary Clinton em direcção à Casa Branca há muito que adquiriu uma aura de inevitabilidade, faltando apenas confirmar essa quase certeza nas eleições, marcadas para Novembro de 2016, de acordo com muitos analistas.

Até lá, a antiga senadora e secretária de Estado na Administração Obama terá de enfrentar eleições primárias no seu Partido Democrata, de onde sairá o adversário do candidato pelo Partido Republicano – um combate mais fácil para Hillary do que as eleições gerais, já que até ao momento só conta com a oposição do senador Bernie Sanders, que em nenhuma sondagem chega sequer aos 10% nas preferências (ainda vão aparecer outros nomes, que não oficializaram as suas candidaturas até ao momento).

Mas as notícias das últimas semanas sobre o financiamento da Fundação Clinton têm atrasado a campanha de Hillary, e estão a ser aproveitadas pelo Partido Republicano para colar ainda mais a antiga secretária de Estado à imagem de privilegiada e prepotente.

O The New York Times, por exemplo, noticiou que durante a estadia de Hillary Clinton na Administração Obama, os EUA aprovaram a venda de uma empresa canadiana de extracção de urânio à Rússia – uma empresa que controla uma importante fatia desse mercado na América.

A decisão da venda foi aprovada por várias secretarias de Estado, mas o passado de ligações entre a empresa canadiana e Bill Clinton, que envolveu doações à Fundação Clinton, deixou Hillary ainda mais exposta aos ataques do Partido Republicano.

“Não tenho nenhuma dúvida de que nunca fizemos nada de forma conscientemente imprópria em termos de aceitar dinheiro para influenciar qualquer política governamental americana”, afirmou Bill Clinton.

O antigo Presidente atribui a quantidade de notícias sobre financiamentos a uma “tentativa deliberada de acabar com a fundação”.

“Quase não existe nenhum facto novo que já não se soubesse quando ela se candidatou à presidência pela primeira vez”, disse Bill Clinton, referindo-se à campanha de 2008, em que Hillary acabou por perder nas primárias do Partido Democrata para Barack Obama.

Uma outra notícia revela que Bill Clinton recebeu 500.000 dólares (446.000 euros) para discursar num evento do banco de investimento russo Renaissance Capital, com ligações ao Kremlin.

O antigo Presidente disse que irá continuar a fazer discursos durante a campanha, mas admitiu retirar-se da fundação se Hillary vencer as eleições : “Tenho de pagar as contas. E também dou muito desse dinheiro à fundação.”