Berlusconi diz que retira a sua candidatura se Monti avançar

Se Mario Monti liderasse uma coligação do centro-direita, Silvio Berlusconi poderia apoiá-lo, garante o ex-primeiro-ministro italiano, alvo de muitas críticas.

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Berlusconi acha-se capaz de recuperar todos os votos que teve em 2008 Alessandro Bianchi/REUTERS

Silvio Berlusconi pode não se candidatar às próximas eleições legislativas se Mario Monti aceitar liderar uma coligação de centro-direita, de que muito se fala por estes dias em Itália.

"Propus a Monti que se candidatasse como líder do centro moderado e ele disse que não. Se mudar de posição, eu não teria problemas em afastar-me... Não tenho ambições pessoais", garantiu Berlusconi, no lançamento de um livro em que fez estas declarações contraditórias – embora tenha confirmado que continua a ser candidato pelo seu partido, o Povo da Liberdade, nas eleições que se espera que venham a ser marcadas para Fevereiro.

Confuso? Afinal, não era contra Mario Monti que ele se tinha revoltado na semana passada, retirando-lhe o apoio do seu partido, primeiro, e depois anunciando que se candidatava, não cumprindo a promessa de se afastar da política? Sim, e foram esses jogos que levaram Monti a apresentar a sua demissão, no sábado à noite.

"Estou convencido de que Monti não adere à ideia de se tornar um homem de partido, isso não lhe convém", comentou ainda Berlusconi. Quanto a si próprio, está convicto de que conseguirá "recuperar todos os votos de 2008, que não foram para nenhum partido e hoje se encontram entre os abstencionistas."

Os rivais de Berlusconi aproveitaram esta exibição de piruetas políticas do ex-primeiro-ministro, forçado a afastar-se da liderança do Governo em 2010, com os mercados a castigar a Itália. "Berlusconi está evidentemente num estado de confusão, se está a sugerir que pode virar a casaca outra vez, se Monti vier a candidatar-se", disse o líder centrista Pier Ferdinando Casini.

Mas mesmo os potenciais aliados de Berlusconi estão desalinhados em relação a ele. Il Cavaliere esperava obter o apoio da Liga Norte para se candidatar – e, explica a Reuters, implicitamente ameaçou derrubar os governos regionais do Veneto e do Piemonte, onde governa com a Liga, se não obtivesse o seu apoio. Mas Roberto Maroni, o líder deste movimento com tendências separatistas, disse, numa entrevista ao jornal La Repubblica, que se ele queria fazer uma nova aliança com a Liga, teria de se afastar como candidato. "Caro Silvio, não concordamos consigo na prática. A Liga não o pode apoiar se mantiver a sua candidatura a primeiro-ministro", afirmou Maroni.

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