Soldado Bergdahl disse que foi torturado pelos taliban

FBI investiga ameaças de morte contra família do soldado americano resgatado do Afeganistão.

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Bowe Bergdahl continua o processo de recuperação depois de quase 5 anos nas mãos dos taliban AFP

O soldado americano resgatado dos taliban depois de quase cinco anos refém no Afeganistão, Bowe Bergdahl, disse que foi torturado pelos seus captores, segundo uma fonte citada pelo New York Times.

Bergdahl está num centro militar norte-americano na Alemanha a ser avaliado e preparado para o recomeço de contactos, primeiro com a família, depois sociais. Pouco se sabe sobre o seu estado, apenas que ainda não falou com a família, e que estava com dificuldades em exprimir-se em inglês. Os médicos que o observam dizem que não está ainda preparado para contacto com a família.

Um responsável norte-americano disse (sob anonimato, porque não estava autorizado a fazer revelações) que ele contou ter sido torturado, espancado, e posto numa jaula pelos seus captores durante semanas depois de ter tentado fugir. Acrescentou que é difícil verificar se estas alegações são verdadeiras, ainda que sejam credíveis. “Devemos partir do princípio de que esteve detido em condições difíceis”, comentava o responsável ao New York Times. “Eram taliban, não enfermeiras”.

Antes, uma declaração do centro de Landstuhl dizia apenas que Bergdahl mostrava “sinais de melhoras”, que estava a falar com a equipa que o trata, e que “estava mais cooperante com seu plano de tratamento”.

Bergdahl, 28 anos, foi capturado pelos taliban quando abandonou o seu posto. Outros militares da sua unidade acusam-no de querer desertar.

Sabe-se que o soldado ficou desiludido com o papel dos americanos na guerra – ia com o objectivo de ajudar o povo afegão e acabou por ver que muitas vezes os afegãos eram danos colaterais.

O acordo para a libertação de Bergdahl incluiu uma troca de prisioneiros taliban que estavam em Guantánamo, o que provocou críticas ferozes dos republicanos. A administração Obama disse que era urgente resgatá-lo porque o seu estado de saúde era preocupante. Mas antes da devolução, os taliban deverão ter começado a alimentá-lo melhor, e Bergdahl estará bem, com excepção de problemas de pele e gengivas, e da parte psicológica - ninguém arrisca dizer quanto tempo levará até estar pronto para viajar para um centro no Texas onde será avaliado e fará a terceira fase do tratamento, e aí sim, contactará com a família.

A desconfiança de que Bergdahl possa ter sido capturado quando tentava desertar provocou uma onda contra ele, mesmo que os militares sublinhem que o caso vai ser investigado e que para já não há certezas sobre o que aconteceu. Alguns soldados garantem que houve outros americanos mortos na busca de Bergdahl, o que o exército nega.

A cidade natal de Bergdahl, Hailey, Idaho, cancelou uma festa de boas vindas e muitos responsáveis receberam telefonemas criticando-os pela iniciativa. A onda de fúria foi piorando e este fim-de-semana, o FBI disse que está a investigar ameaças de morte à família.

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