Tratar os gays de forma diferente é errado, diz Obama no Quénia

Visita do Presidente dos Estados Unidos ao país do pai decorre em clima de festa. Num fórum internacional de empreendedorismo, apelou ao investimento em África, para além "dos estereótipos que são promovidos".

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Obama foi recebido como um filho pródigo no Quénia CARL DE SOUZA/AFP
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Barack Obama desafia jovens africanos a apostar no empreendedorismo SAUL LOEB/AFP
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Mural com o Presidente Barack Obama em Nairobi CARL DE SOUZA/AFP
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Presidente norte-americano fala com uma das participantes de uma feira dedicada à inovação SAUL LOEB/AFP
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Bandeiras americanas têm enchido as ruas desde a chegada de Obama Georgina Goodwin/AFP
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Quenianos assistem na televisão à visita de Obama Till Muellenmeister/AFP
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Obama a prestar homenagem às 200 pessoas que morreram no atentado da Al-Qaeda de 1998 Jonathan Ernst/Reuters

O Presidente Barack Obama foi acolhido no Quénia, o país do seu pai, com uma imensa esperança e orgulho, como se ele próprio fosse um filho da terra. Mas, ainda assim, afirmou o seu anfitrião, o Presidente Uhuru Kenyatta, apesar de os Estados Unidos e o Quénia partilharem muitos valores, há assuntos em que não têm a mesma opinião, e os direitos dos homossexuais são um deles. Isso não é nada bom, respondeu-lhe Obama. Quando se começa a tratar as pessoas de forma diferente, “acontecem coisas más”.

No Quénia, como na esmagadora maioria dos países africanos, uma frase que conjugue “direitos” e “gays” quase não faz sentido. A homossexualidade é ilegal. O vice-Presidente William Ruto disse em Maio que “não há espaço” para os gays no Quénia. Mas a Administração Obama fez da defesa dos direitos dos homossexuais no mundo uma questão de direitos humanos, e esperava-se que nesta visita a África o Presidente norte-americano mencionasse o tema.  

"Se um cidadão cumpridor que trata da sua vida, tem o seu emprego, obedece aos sinais de trânsito e faz todas as coisas normais que um bom cidadão faz e não faz mal a ninguém, a noção de que deve ser tratado de forma diferente por causa de quem ele ama é errada”, afirmou o Presidente Obama. “Ponto final.” E equiparou essa diferenciação ao racismo: “Enquanto afro-americano nos EUA, estou dolorosamente consciente do que se passa quando as pessoas são tratadas de forma diferente perante a lei.”

Este momento foi como que uma repreensão, mas, apesar de ser uma viagem de alto risco por causa das ameaças de terrorismo, muitos dos momentos da estadia de Obama no Quénia têm um tom de festa. “É formidável estar de volta ao Quénia. É claro que tem um valor pessoal para mim. É a terra do meu pai”, afirmou o Presidente dos EUA.

O tom de festa começou logo à chegada ao aeroporto, na sexta-feira à noite, onde foi recebido por um caloroso abraço da sua meia-irmã, Auma, e prosseguiu com um jantar com a família queniana alargada do Presidente. Mas, por motivos de segurança, não pôde sair do carro blindado em que se deslocava para as ruas onde era saudado pela população, entusiasmada pelas capas dos jornais cheias de fotos de Obama, e bandeiras distribuídas pelas próprias publicações.

"A África está em marcha"
O pretexto imediato para a ida de Obama ao Quénia foi a inauguração da Cimeira Global do Empreendedorismo, nas instalações das Nações Unidas, em Nairobi, onde o Presidente americano lançou palavras de estímulo: "A África está em marcha. África é uma das regiões do mundo com maior crescimento."

Incentivou tanto os empresários locais como os líderes globais a pensarem de forma diferente. “Quando estive em Nairobi há dez anos, a cidade estava muito diferente. Houve um progresso incrível — imaginem o que podia acontecer se mais líderes globais e mais capital viessem cá e conversassem, em vez de apenas se deixarem cegar pelos estereótipos que são promovidos. Tudo podia andar muito mais depressa", afirmou Obama, citado pelo New York Times.

Obama sublinhou a necessidade da luta anticorrupção — “o mais importante obstáculo a um crescimento mais rápido do Quénia —, mas saudou os esforços do seu homólogo, Kenyatta.

Os dois Presidentes discutiram também a situação regional. Obama prometeu uma cooperação reforçada na luta contra as milícias radicais somalis Shabab, relacionadas com a Al-Qaeda, e responsáveis nos últimos anos por mortíferos ataques no Quénia. Discutiram ainda as eleições presidenciais no Burundi, que consideraram “não serem credíveis”, ao reconduzirem Pierre Nkurunziza num terceiro mandato controverso.

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