Explosão pode ter feito cair avião russo, dizem Londres e Washington

Governo britânico ordena suspensão de todos os voos de Sharm-el-Sheik para o Reino Unido, até serem investigados por peritos.

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Local da queda do avião, no deserto do Sinai KHALED DESOUKI/AFP

O Governo de Londres mandou suspender todos os voos britânicos provenientes da estância balnear egípcia de Sharm el-Sheik, com um alerta do gabinete do primeiro-ministro em que se reconhece a possibilidade de o avião russo que caiu na Península do Sinai no fim-de-semana tenha sido deitado abaixo por um engenho explosivo.

A mesma referência à hipótese de atentado foi feita pelos serviços secretos dos Estados Unidos, que acautelaram também, como os britânicos, que é preciso esperar por mais dados antes de se chegar a uma conclusão formal.

“A investigação ainda está a decorrer. Mas à medida que vai surgindo mais informação, preocupámo-nos com a possibilidade de o avião ter sido abatido por uma explosão”, diz o alerta de Downing Street, para justificar a medida. O aeroporto e os aviões no Egipto serão examinados por especialistas britânicos na noite desta quarta-feira.

A Reuters cita fontes egípcias próximas da investigação da queda do avião – em que morreram as 242 pessoas a bordo – dizendo ser cada vez mais provável que a causa seja uma explosão. O avião partiu-se no ar, mas não é ainda claro se a ser uma explosão, foi provocada por problemas no combustível ou no motor, ou por uma bomba: “Acreditamos que terá sido uma explosão, mas a causa não é ainda clara. Está a ser examinada a areia no local onde o avião caiu para procurar traços de explosivos”.

Estão a ser consideradas duas possibilidades: algo foi colocado dentro do avião ou houve uma avaria. “Mas um avião não se parte no ar sem haver alguma acção. E é improvável que tenha sido atingido por um míssil, não há indícios disso”, disse a fonte ligada à investigação.

Uma das caixas negras ficou danificada - a que gravava as conversas no cockpit - mas a informação contida na outra, com os dados de navegação, foi recuperada e validada, e está a ser analisada, anunciou esta quarta-feira o ministro dos Transportes egípcio. Um satélite americano detectou um flash de calor, na altura em que o avião caiu, noticiou o New York Times.

O ramo local do grupo jihadista Estado Islâmico, chamado Província do Sinai, anunciou no sábado, através do Twitter, que tinha “feito cair” o Airbus A321-200 da companhia russa Metrojet, embora sem precisar como. Esta reivindicação tem sido desacreditada pelas autoridades russas e egípcias.

Esta quarta-feira, numa mensagem áudio colocada no Twitter, um membro do grupo afirma que não tem “obrigação nenhuma de explicar como é que o avião foi deitado abaixo”.

Outros observadores sublinham o facto de as informações que levaram o Governo britânico a agir foram passadas pelo Cairo a Londres na véspera da chegada ao Reino Unido do Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi. “Pode ajudar a distrair das críticas ao primeiro-ministro por receber Sissi, dando-lhe mais legitimidade do que merece, depois de ter morto e prendido milhares de membros da oposição”, afirma o editor de política do Guardian.

 

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