Área à volta da explosão de Tianjin evacuada, famílias pedem explicações

Foi detectado cianeto de sódio, um composto potencialmente mortal. Homem foi encontrado com vida a 50 metros do epicentro das explosões, mas estão confirmadas 104 mortes.

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Estão confirmados 104 mortos, 21 dos quais bombeiros Reuters
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Familiares de vítimas e desaparecidos exigem mais explicações às autoridades Jason Lee/Reuters
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Foi encontrado um sobrevivente, a 50 metros do epicentro das explosões CCTV
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Novos incêndios este sábado Reuters
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Uma unidade especial do Exército chinês chegou este sábado junto ao epicentro das explosões Jason Lee/Reuters

A lista com os nomes das pessoas que morreram nas explosões no porto de Tianjin, na China, não pára de crescer, e as autoridades tentam controlar as consequências dos químicos que foram libertados. A forte possibilidade de um composto potencialmente mortal ter sido detectado naquela área levou as autoridades a ordenarem a saída de todos os civis num raio de três quilómetros, e o governo anunciou que vai lançar uma inspecção às normas de segurança em todo o país.

A decisão de afastar ainda mais a população civil do local das explosões foi tomada depois de a equipa de especialistas em acidentes nucleares, químicos e biológicos no local terem admitido que as explosões de quarta-feira libertaram para o ar cianeto de sódio, um composto que pode ser fatal em pouco tempo se for ingerido ou inalado. 

A informação foi avançada pelo director-adjunto da autoridade de segurança no trabalho de Tianjin, Gao Huaiyou, numa conferência de imprensa neste sábado, onde também foi actualizado o número de vítimas mortais: 104, dos quais 21 bombeiros que estavam a combater um incêndio no momento em que ocorreram as explosões.

No entanto, há ainda um grande número de desaparecidos — civis (trabalhadores das empresas do porto de Tianjin), bombeiros e polícias, pelo que o número de mortes deve aumentar. Também há 721 pessoas ainda hospitalizadas, 25 das quais em estado crítico e 33 em estado grave.

Mas na população de Tianjin cresce a frustação com a falta de informação sobre o que se está a passar. "Não temos informações nenhumas, nada, o Governo não nos fala, somos deixados na ignorância", gritava uma mulher, afastada por agentes de segurança. Foi uma das muitas pessoas que se dirigiu este sábado ao hotel Mayfair, a cerca de seis quilómetros do local da explosão, onde se realizavam as conferências de imprensa sobre o que se estava a passar.

O mesmo fizeram as mães e outros familiares dos bombeiros desaparecidos e de outras vítimas do desastre. "Nós somos as famílias das vítimas! Com que direito nos tratam assim?", indignava-se um jovem, afastado à força de uma escadaria pelos seguranças, relata a AFP. 

Gao admitiu que um dos químicos armazenados pela empresa Rui Hai International Logistics no porto de Tianjin poderá ser o cianeto de sódio, uma informação que tem sido dada como certa por vários jornais chineses. A confirmar-se o relato dos media locais, o armazém onde se registaram as explosões continha cerca de 700 toneladas daquele composto, mas Gao Huaiyou disse que as autoridades ainda não tinham conseguido abrir esses contentores. <_o3a_p>

Por precaução, segundo a versão oficial, a área de segurança foi alargada para três quilómetros e a população evacuada, também por causa de uma mudança na direcção do vento – estava a soprar para Leste, na direcção do mar, mas agora teme-se que possa levar os perigosos químicos para terra.<_o3a_p>

Um dos locais evacuados no sábado foi uma escola transformada em abrigo temporário, onde se encontravam centenas de moradores dos prédios vizinhos. Esta é também outra das questões mais debatidas na China por estes dias. Segundo as normas de segurança, não pode haver áreas residenciais a menos de um quilómetro de locais de armazenamento de químicos perigosos, mas em Tianjin há três enormes complexos habitacionais bem dentro desse limite. <_o3a_p>

Com mais de 11 milhões de habitantes, Tianjin é uma das maiores cidades chinesas, e o seu porto é um dos dez maiores do mundo. Fica localizada no Nordeste do país, a cerca de 150 quilómetros da capital, Pequim, e à beira do Mar de Bohai – um mar interior que se liga ao Mar Amarelo através do estreito de Bohai, uma área que inclui também a costa ocidental da Coreia do Norte e da Coreia do Sul.

Numa declaração escrita, e transmitida ao país no sábado, o Presidente chinês, Xi Jinping, disse que as autoridades responsáveis pela segurança no sector devem "aprender com as lições extremamente profundas e pagas com sangue" das explosões em Tianjin, e que todo o sector deve ter "os interesses das pessoas em primeiro lugar".

Depois de uma reunião do Conselho de Estado, também o primeiro-ministro, Li Keqiang, instou as autoridades de segurança a "rectificarem os erros" e a "montarem um mecanismo que evite a repetição de acidentes".

No terreno, os bombeiros continuam a tentar apagar alguns incêndios. Os jornais chineses avançam que houve novas explosões por volta das 11h de sábado (4h da madrugada em Portugal continental), mas por entre as imagens infernais surgiu uma boa notícia: um homem que aparenta ter cerca de 50 anos foi encontrado com vida dentro de um contentor a cerca de 50 metros local onde se deram as explosões.

Segundo a agência noticiosa chinesa Xinhua, o homem estava consciente e conseguia falar, e foi levado para um hospital da cidade. Li Jingmei, uma médica do hospital N.º 254 de Tianjin, disse à agência que o sobrevivente "sofre de queimaduras nas vias respiratórias, mas encontra-se em condição estável depois de ter recebido os primeiros socorros".

Este é o segundo sobrevivente encontrado muito perto do epicentro das explosões. Na manhã de sexta-feira (hora local), as equipas de socorro encontraram com vida um jovem bombeiro de 19 anos de idade, identificado como Zhou Ti. Também ele está em situação estável.

 

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