Austrália encontra possíveis destroços do avião da Malaysia Airlines

Autoridades avisam que a localização dos objectos suspeitos, no Sul do Índico, pode demorar.

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A Austrália já enviou quatro aviões e dois navios para a zona Reuters

Aviões e navios de diferentes nacionalidades estavam esta quinta-feira a caminho da área do Sul do oceano Índico onde a Austrália anunciou terem sido localizados dois objectos que poderão ser restos do avião da Malaysia Airlines. Treze dias depois do desaparecimento do voo MH370, surge a “melhor pista” até agora, mas até estes possíveis destroços serem encontrados os familiares das 239 pessoas a bordo vão continuar na incerteza e os responsáveis vão continuar a avisar que os objectos podem não ter nada a ver com o avião.

Depois de várias pistas que não deram em nada, e apesar do envio de muitos meios para a zona agora identificada, a 2500 quilómetros da costa ocidental da Austrália, as buscas em que participam meios de 26 países continuam noutras áreas, ao longo de centenas de milhares de quilómetros.

O Boeing 777 desapareceu dos radares civis uma hora depois de ter levantado voo da capital da Malásia, Kuala Lumpur, a caminho de Pequim, e as autoridades malaias acreditam que foi desviado intencionalmente. Sobrevoava então o mar do Sul da China, a sair do espaço aéreo da Malásia e a entrar no do Vietname. O estreito de Malaca é a última posição conhecida, de acordo com um radar militar da Malásia, numa altura em que o avião viajava na direcção oposta ao seu plano de voo.<_o3a_p><_u13a_p>

Tendo em conta os últimos passos conhecidos e as reservas de combustível do Boeing 777, as autoridades tinham reduzido a área de buscas a dois corredores aéreos de milhares de quilómetros de largura, um para noroeste, até à Ásia Central, o outro para sudoeste, até ao Sul do Índico. As buscas já tinham sido intensificadas nesta segunda zona – o corredor Norte é considerado menos provável, pois seria difícil que o avião não tivesse sido detectado pelos radares de nenhum dos países da região.<_u13a_p>

A Autoridade de Segurança Marítima da Austrália recebeu imagens de satélite do dia 16 em que são visíveis diferentes objectos. A análise a essas imagens permitiu “identificar dois objectos possivelmente relacionados com as buscas”, disse o primeiro-ministro australiano, Tony Abbott. “É uma pista, é provavelmente a melhor pista que tivemos. Mas temos de chegar lá, encontrar os objectos, vê-los, analisá-los, perceber se isto é realmente significativo ou não”, explicou John Young, responsável da unidade de resposta de emergência deste organismo marítimo.

O maior destes objectos tem 24 metros – pode tratar-se da cauda, admitiu na sua conferência de imprensa diária o ministro dos Transportes da Malásia, Hishammuddin Hussein. Tanto Hussein como Young sublinharam que pode demorar a localizar os possíveis destroços. O Índico chega a ter uma profundidade de “vários milhares de metros” na zona onde foram fotografados.

“É praticamente a localização com mais desafios que se podia escolher…”, disse à BBC Geoffrey Thomas, perito em aviação australiano, falando da profundidade, mas também das ondas altas e das correntes. O ministro da Defesa da Austrália, David Johnson, disse que pelo menos “dois ou três dias” serão necessários para se chegar a alguma conclusão sobre esta pista.

O primeiro dia de buscas foi dado por terminado horas depois de ter caído a noite. Junto ao local esteve durante três horas um avião de patrulha P-8 Poseidon, dos Estados Unidos, preparado para monitorizar e responder a ataques de submarinos. O Poseidon regressou a terra sem ter conseguido avistar os destroços e o mesmo aconteceu a um AP-3C Orion australiano, um aparelho usado habitualmente em vigilância marítima e apoio a navios. Ambos referiram problemas de visibilidade provocados por nuvens espessas, vento e chuva.

Um cargueiro norueguês que viajava de Madagáscar para Melbourne quando recebeu um pedido para assistir nas investigações também já chegou à zona onde os destroços foram localizados. O Reino Unido também enviou um navio para a área. Ao todo, no conjunto do corredor Sul já havia 25 aviões e 18 navios envolvidos nas buscas.

Com a ausência de respostas, há famílias de passageiros a dar sinais de desespero, com algumas pessoas a insistirem que os seus familiares ainda estão vivos. Entre os passageiros e a tripulação havia 14 nacionalidades a bordo, mas a maioria dos que voavam no Boeing 777 eram chineses. Segue-se a Malásia, com 38 pessoas a bordo.

Muitos dos familiares dos 153 chineses no avião têm esperado por notícias no Hotel Lido de Pequim, para onde as autoridades enviaram esta quinta-feira polícias e pessoal médico. Na quarta-feira, a conferência de imprensa do ministro Hussein foi interrompida por malaios aos gritos. “Onde está o voo agora? Já não consigo aguentar mais isto?”, berrou uma mãe. Esta quinta-feira, depois de confirmar que as imagens australianas são “credíveis”, o ministro Hussein dirigiu-se “às famílias em todo o mundo”: “A informação que eles mais querem – que nós mais queremos – é a informação que nós simplesmente não temos, a localização do aparelho”.<_o3a_p>

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